VIDA URBANA
Idade não é mais barreira para quem deseja ingressar no ensino superior
Número de alunos matriculados nos cursos presenciais e a distância cresceu na Paraíba 28,7%, entre 2011 e 2013.
Publicado em 06/04/2015 às 7:00
O sonho de ingressar no ensino superior tem sido realizado de forma cada vez mais tardia por muitos paraibanos. O número de universitários com mais de 40 anos de idade, matriculados nos cursos de graduação presenciais e a distância nas Instituições de Ensino Superior (IES) da Paraíba cresceu 28,7% entre 2011 e 2013. É o que aponta o Censo de Ensino Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Segundo especialistas, a expansão do acesso de alunos mais velhos no ensino superior pode ser explicada por diversos motivos, como o aumento da oferta dos cursos de Educação a Distância (EAD), e de tecnologia, por serem mais curtos, além de uma busca por melhores colocações no mercado de trabalho, ascensão profissional e, por vezes, insatisfação com a graduação já concluída ou pela sede de conhecimento em novas áreas.
O funcionário público Ricardo Cézar, 47 anos, está no grupo de universitários 'maduros', que compõem o quadro de alunos da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Após 28 anos de conclusão do ensino médio, Ricardo fez o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela primeira vez, no ano passado, e foi aprovado no curso de Ciências Contábeis.
“Minha aprovação foi uma surpresa, pois eu não fiz nenhum curso preparatório para o Enem. Apesar de estar iniciando o primeiro período, está sendo uma ótima experiência”, disse.
“O segundo aluno mais velho da sala tem 24 anos, tem idade de ser meu filho, mas fui muito bem recebido e esse convívio tem sido enriquecedor, onde mantemos uma troca de conhecimentos”, completou ao enfatizar que a idade não representou nenhum obstáculo para se enturmar com os demais alunos.
Ricardo Cézar já havia trabalhado na indústria e no comércio, mas pensando em melhorar as condições de vida resolveu fazer um concurso público, em 2012, o qual foi aprovado e nomeado em janeiro do ano passado. Esse foi o principal motivo de buscar a graduação após os 40 anos.
“Com esse curso terei mais chances de ascensão profissional. Além disso, para quem já está com uma idade mais avançada, estudar é bom para exercitar a mente e complementar os conhecimentos. Representa renovação de vida”, declarou.
Para a universitária em Direito Ana Cleonice, 43 anos, o trabalho e a família ocuparam por muito tempo o primeiro lugar em sua vida, adiando o sonho de se graduar para depois.
“Comecei a trabalhar muito cedo e em seguida logo casei. Tive dois filhos. Com isso, meu tempo era apenas para a casa e o trabalho. Hoje, com meus filhos, tive a chance de me dedicar mais a mim mesma, aos estudo e no ano passado fui aprovada para fazer Direito. É como se estivesse recomeçando a viver”, revelou.
Ana Cleonice está ciente que a profissão que escolheu exige muita dedicação, mas garantiu que mesmo estando com a idade mais avançada do que outros colegas de turma, ela está “com todo gás”. “Sei que para atuar ainda vou precisar passar no exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e que é preciso estar sempre atenta às mudanças na legislação, mas isso não é problema. Agora tem todo tempo do mundo”, afirmou.
Crescimento
Enquanto que em 2011, 7.081 pessoas com idade superior a 40 anos ingressam na universidade, na Paraíba, no ano seguinte o número saltou para 7.716, conforme o Censo do Inep. Isso quer dizer que, em 2012, 635 paraibanos com essa faixa etária decidiram ingressar no ensino superior acreditando que nunca é tarde para obter um diploma. Já em 2013, o crescimento foi ainda maior e os universitários 'maduros' passaram a totalizar 9.119 matrículas na graduação.
UFPB
Na UFPB, em apenas um ano o crescimento de matrícula foi de 7,4%, passando de 1.302 universitários com idade acima de 40 anos, em 2013, para 1.399 no ano passado. Em número absoluto, um aumento de 97 matrículas. Os dados foram repassados pelo titular da Coordenação de Escolaridade (Codesc) da UFPB, João Wandemberg Maciel.
Comentários