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VIDA URBANA

Idosos decidem voltar aos estudos

Turmas de Educação de Jovens e Adultos surgem como opção para quem nunca teve a oportunidade de ser alfabetizado.

Publicado em 16/08/2014 às 6:00 | Atualizado em 07/03/2024 às 15:59

Maria das Dores de Oliveira estudou muito pouco quando criança. Passou a infância e a adolescência sem escrever uma palavra sequer. O analfabetismo a impedia de realizar tarefas simples, como ir ao supermercado (porque não conseguia fazer as contas) e pegar ônibus, pois não sabia ler qual o destino do transporte coletivo. Foram anos de sofrimento e dependência, até que ela resolveu voltar à sala de aula, aos 48 anos de idade, já com filhos e netos. São histórias assim que ilustram a penúltima reportagem da série 'Educação em Pauta', produzida pelo JORNAL DA PARAÍBA e pelos demais veículos da Rede Paraíba de Comunicação.

Quando decidiu voltar a estudar, há 9 anos, Maria das Dores decidiu ignorar as críticas e fortalecer a ideia com o incentivo dos quatro filhos, todos alfabetizados, segundo ela. “Nunca é tarde para aprender. Eu tinha uma vida muito sofrida, porque até na parada de ônibus eu dependia da boa vontade dos outros. No supermercado, sempre tinha que ir acompanhada, porque não sabia contar o dinheiro. Hoje é diferente, consigo me virar sozinha”, disse.

Aos 57 anos, Maria das Dores se orgulha do compromisso que tem durante a semana, quando assiste às aulas na turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA), em uma escola pública municipal do bairro dos Novaes. Ela contou que já aprendeu as operações básicas e desenvolveu o hábito da leitura. “Em casa, depois dos meus afazeres domésticos, pego um livro e leio. Gosto muito de ler, coisa que era impossível”, afirmou.

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), a média de anos de estudo entre as pessoas de 60 anos ou mais, na Paraíba, é de 2,5 anos. Aos 18 anos de idade, a média de anos de estudo é de 7,9; a média maior, entre pessoas de 20 a 24 anos, é de 8,2 anos. Mas os bons exemplos encontrados pela reportagem mostram que sempre é possível recomeçar – ou começar, para alguns.

Com Doraci Alves dos Santos, 57 anos, a oportunidade de estudar só surgiu há 3 anos. Até então ela ficava com o neto para que a filha estudasse, mas foi surpreendida pela notícia de que a jovem, de 22 anos, não ia para a escola. “Eu me revoltei. Cheguei para ela e disse que agora quem ia estudar seria eu. No outro dia já estava matriculada”, contou. Ela também é aluna de EJA.

A maior felicidade para ela foi quando, depois de muito esforço, conseguiu ler todas as vogais e consoantes. “Foi inesquecível. A professora ao meu lado e eu dizendo letra por letra”, frisou.

Doraci ainda tem dificuldades para escrever, mas não desanima. “Passei a vida inteira sem estudar, sei que preciso ter paciência. Não pretendo parar”, afirmou a dona de casa.

Eunice da Silva Costa, 48, também mostrou empolgação pelos estudos. Segundo ela, o pai era comerciante e ela o ajudava, motivo pelo qual não conseguiu ir à escola. “Agora quero seguir nos estudos, quem sabe até prestar vestibular”, disse. Ela ressalta que a paciência dos professores em ensinar é um estímulo para continuar frequentando as aulas. “Só falto quando estou doente”, frisou.

MESTRADO SE TORNOU OPÇÃO APÓS OS 60

A volta à sala de aula também acontece nas universidades. E para comprovar essa afirmação, o JORNAL DA PARAÍBA conta a história de Maria Alice Carvalho Correia, 61, que se formou em jornalismo aos 23, e no ano passado decidiu dar continuidade aos estudos. Hoje Alice comemora o fato de ter sido aprovada em segundo lugar na seleção do mestrado em jornalismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

Mesmo enquanto esteve afastada da sala de aula, Alice nunca parou de estudar e de ler, segundo relato dela. “O conhecimento me renova, é um alimento para a alma. Antes tive outras oportunidades, minhas filhas me diziam para retomar os estudos, mas eu não me sentia preparada psicologicamente por conta de problemas de ordem pessoal”, frisou. Alice, que também é graduada em ciências agrárias, disse que quando viu o edital do mestrado ficou empolgada com a oportunidade.

“Estudei muito para a seleção, só largava os livros quando atingia meu limite”, frisou.

Dividir o mesmo espaço com alunos mais jovens, na casa dos 20, 30 anos, deixa Alice ainda mais entusiasmada com a volta aos estudos. “Conviver com a juventude me deixa motivada, me dá ânimo. Eu me sinto exemplo para meus filhos e netos. Se eu tiver com a mesma cabeça e saúde, vou fazer doutorado”, revelou. “Quero deixar essa história de superação, que para mim, na verdade, é uma história de muitas superações”, frisou.

Amanhã, na última reportagem da série 'Educação em Pauta', o JORNAL DA PARAÍBA vai contar histórias de projetos de educação que deram certo e que podem servir de inspiração para os gestores públicos municipais e estaduais. São histórias que têm como protagonistas educadores que driblaram as dificuldades existentes nas escolas e conseguiram superar as expectativas.

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Jornal da Paraíba

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