IGF debate formas de incluir 1 bilhão de pessoas no mundo digital

Opções políticas e melhores práticas para conectar o próximo bilhão de usuários no mundo. Essa foi a principal discussão debatida no segundo dia da 10ª Reunião Anual do Fórum de Governança da Internet da ONU (IGF), realizado no Centro de Convenções de João Pessoa. Uma mesa redonda, composta por importantes líderes mundiais e especialistas na área tecnológica, debateu as principais atividades dos países, comunidades e empresas que fizeram relevantes contribuições para o trabalho de ampliação da rede de acesso à internet. A reunião teve como objetivo identificar desafios e potenciais soluções para trazer o próximo bilhão de cidadãos globais conectados.

Um relatório geral econômico e social produzido pelo Conselho das Nações Unidas foi apresentado e debatido pelos participantes, entre eles, o integrante da comissão federal de comunicações do Facebook, Kevin Martin, Carolyn Nguyen, do setor de tecnologia estratégica e política da Microsoft, Manu K. Bhardwaj do Departamento de Estado dos Estados Unidos das Américas (EUA), Jack Deasy, além de Tomas Lamanauskas, chefe de estratégia corporativa do site ITU, o ministro das Comunicações da África, José Luís de Matos e Avri Doria, da Associação para o Progresso da Comunidade (APC), entre outros.

Representando o Brasil e mediando o debate, o embaixador Benedicto Fonseca Filho, diretor de Temas Científicos e Tecnológicos do Ministério das Relações Exteriores, explicou que o relatório apresentado tem como intuito buscar saídas mais tangíveis para reforçar o impacto do IGF sobre a governança global da internet e das políticas. “Para enriquecer o potencial de saídas do IGF, o Grupo Consultivo Multilateral do IGF (MAG) desenvolveu um programa de interseções complementar a outras atividades. As saídas deste programa destinam-se a apontar recursos, para servir como insumos para outros foros e para evoluir e crescer ao longo do tempo”, pontuou.

Apesar de apontar soluções e possibilidades que visam a inserção de mais usuários online, alguns participantes levantaram questionamentos acerca de como será possível colocar em prática a meta de 1 bilhão de usuários e a qualidade do conteúdo em que eles possivelmente estarão conectados. O ministro das Comunicações da África lembrou que existem 4 bilhões de pessoas no mundo que não usam a internet de maneira individual e que a realidade socioeconômica de alguns países, a exemplo da África, mostra que é necessário muitos investimentos em infraestrutura para que a meta possa ser colocada em prática. “É preciso repensar as estratégias e pensar de forma inclusiva”, frisou.

Já Tomas Lamanauskas do site ITU revelou que 3,2 bilhões de pessoas no mundo estão online e 4 bilhões offline. Segundo ele, isso demonstra que apenas 10% da população mundial tem acesso efetivo à internet. Por sua vez Carolyn Nguyen, da Microsoft, ressaltou que só através de investimentos em infraestrutura será possível compartilhar informações e torná-las acessíveis. Já Kevin Martin, do Facebook, explicou que existem diferentes desafios para tornar a meta possível. “ O Facebook vê três tipos de usuários: 1 bilhão que não possuem infraestrutura, 1 bilhão que se preocupam com custo da intenet e outros 2 bilhões que vivem para sobreviver”, comentou.