Integrantes do 'Terra Livre' protestam por moradia

Integrantes do Movimento Terra Livre realizaram, na manhã de ontem, um protesto reivindicando a permanência de cerca de 270 famílias no antigo Hotel Tropicana, localizado no Centro de João Pessoa. O local, ocupado desde abril deste ano, pertence à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), que cobra na Justiça a desocupação da área.

A manifestação teve início às 9h na Avenida Tabajaras, próximo ao Liceu Paraibano, e terminou na Rua das Trincheiras, em frente à Câmara Municipal. A assessoria de imprensa da Superintendência de Mobilidade Urbana (Semob) não registrou congestionamentos de veículos, mas afirmou que houve lentidão no trânsito. Por conta do protesto, os carros que circulavam pelo Parque Sólon de Lucena e Rua Padre Meira foram desviados para Rua Miguel Couto.

Segundo a coordenadora do Movimento Terra Livre, Thaís Martins, os protestos resultam da falta de diálogo entre os moradores do hotel e a SPU. “Eles (SPU) pediram a reintegração de posse, mas as famílias precisam ficar no local, pois não têm para onde ir. A grande questão é que o Ministério Público e a Defensoria Pública já se mostraram favoráveis à ocupação, só o Patrimônio da União que não aceita. Tentamos mostrar para eles a necessidade daquelas famílias, mas não há diálogo, fica difícil o processo”, disse a coordenadora do movimento.

A SPU desmente a impossibilidade de diálogo e afirma estar cumprindo todos os trâmites sobre a propriedade. “Aquele imóvel está em nome da União, mas ainda é motivo de disputa judicial, porque foi passado para a União através de permuta. Não podemos dispor de um bem que se encontra nesta situação”, explicou Daniella Bandeira, superintendente do órgão.

Além da tramitação judicial acerca do direito de propriedade do Hotel Tropicana, é preciso entender que a disponibilidade de terrenos é realizada através de um longo debate, segundo informou Daniella Bandeira. “Ninguém é insensível com as famílias que estão no hotel. Acontece que a mesma realidade deles existe em outros movimentos, muitos inclusive com pessoas que vivem em áreas de risco. Há uma fila de pessoas precisando de moradia e eles (ocupantes do hotel) não podem ser privilegiados tão somente porque invadiram o local”. (Especial para o JP)