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VIDA URBANA

Inteligência acima da média: Paraíba possui 143 superdotados

 No Brasil, o número de superdotados cresceu 17 vezes em 14 anos. Ao todo, são mais de 13 mil no país.  Habilidades devem ser tratadas com cautela.

Publicado em 08/11/2015 às 13:00

“Tudo começou aos 14 meses de idade e por uma letra. Eu tinha o alfabeto na geladeira com uma letra diferente, colorida. Ele começou a perguntar, e daí a cada dia perguntava sobre as demais letras. Até que sozinho já falava o alfabeto completo, falava as palavras, sabia os números e tocava instrumentos. Ao mesmo tempo começou a andar”, relatou Kátia Cilene Cruz, 39 anos, fotógrafa e mãe de Júlio Cezar Silva, 7 anos.

Ele integra o universo de 143 paraibanos superdotados ou que possuem altas habilidades, de acordo com os dados do Censo Escolar 2014, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Há 3 meses, Júlio Cezar é avaliado pelo Núcleo de Atividades de Altas Habilidades e Superdotação do Estado da Paraíba (Nahas). Ao todo, o Núcleo atende quatro crianças com essa características. Segundo a psicóloga responsável por acompanhá-lo, Marcelle Roberto Rodrigues, ele é uma criança superdotada e precisa ter habilidades testadas.

Para ele, que cursa o 2º ano do Ensino Fundamental, os conteúdos apresentados em sala de aula são fáceis, o que tornam as aulas tediosas. “Não aprendo nada na escola porque é tudo fácil. Quando chego na aula de Português e Matemática consigo fazer todos os exercícios da minha série. Meus colegas tem mais dificuldade e acabo ajudando”, disse a criança.

Na Paraíba, além de Júlio Cezar, outras pessoas possuem uma inteligência acima da média. Das 143 superdotadas ou com altas habilidades, que estão matriculadas em escolas comuns, com inclusão, 92 estudam no Ensino Fundamental, o mesmo nível escolar que Júlio, 26 o Ensino Médio, 13 a Educação de Jovens e Adultos, sete a Pré-Escola, três a Educação Profissional e dois a creche. No Brasil, o número de superdotados cresceu 17 vezes em 14 anos. Ao todo, são mais de 13 mil no país.
Segundo Kátia Cilene Cruz, mãe de Júlio Cezar, a inteligência dele sempre chamava atenção. Para compreender o que poderia estar acontecendo com o filho, ela pesquisou e buscou literatura médica que explicasse o nível de aprendizado da criança. “Eu achava muito, mas muito inteligente, não como a maioria das mães que falam que o filho é 'sabido'. Tinha algo diferente desde quando ele era bebê. Verifiquei que tudo que eu lia sobre superdotação se aplicava a ele. Foi quando ele fez 5 anos, a professora começou a perceber a inteligência aguçada e pediu para fazer um teste. Logo após a confirmação, ele foi para uma sala especial”, contou.

Funad identifica e faz o acompanhamento

Conforme a psicóloga Marcelle Roberto, existe uma média considerada normal para cada idade e se a criança for avaliada em um padrão muito acima do que é estabelecido pela escala, a criança é considerada superdotada ou com altas habilidades. O grau das capacidades mentais pode ser medido através de uma escala padronizada de Quociente de Inteligência (QI), e nos superdotados o QI é superior a 130, sendo que a média para a população geral é 100 a 110.

“A caracterização de um superdotado vai muito além do QI e deve envolver a análise aprofundada da personalidade e das habilidades da criança. Para definir se uma criança é superdotada, utiliza-se a Escala de Inteligência Wechsler, a qual é formada por diversos subtestes que avaliam diferentes aspectos da inteligência, sendo o desempenho das crianças resumido em três medidas que oferecem estimativas da capacidade intelectual: QIs Verbal, Execução e Total”, revelou.

Ao chegar no Núcleo de Superdotação, que funciona na Fundação Centro Integrado de Apoio ao Portador de Deficiência (Funad) e é vinculado à Secretaria Estadual de Educação, a criança recebe um diagnóstico, se ela tiver características que apontem uma superdotação ou a presença de altas habilidades, o acompanhamento é iniciado. “Fazemos a anamnese com a mãe, para saber os antecedentes, pedimos um relatório da escola, depois avaliamos as habilidades, reforçamos as atividades, após a avaliação fazemos um relatório para os pais e professores, para a partir daí começarmos as intervenções, parceria com a escola e intensificar as atividades do interesse da criança”, pontuou a psicóloga.

De acordo com a chefe do Nahas, Andrea Sobreira, durante o tratamento as atividades em que a criança se destaca mais são reforçadas e há intervenções com a família e a escola. “Trabalhamos em parceria com as escolas públicas, municipais e estaduais. Capacitamos os professores e orientamos para que saibam reconhecer uma criança superdotada. As escolas nos encaminha esse aluno e iniciamos o acompanhamento. O serviço também está disponível para alunos da rede particular de ensino, pois esse é o único ponto do Estado com a capacidade de atender essas crianças”, finalizou.

Habilidades devem ser tratadas com cautela

Além de saber detectar se o desenvolvimento do filho está correto para a idade, o pai precisa fazer com que ele entenda que possui altas habilidades que precisam ser trabalhadas, contudo, é importante atentar que dependendo da idade da criança, mesmo que o pai fale sobre o assunto, ele poderá não compreender e isso deve ser respeitado. “Os pais não devem forçar, se a criança for maior e tiver entendimento de sua capacidade, a ideia pode ser naturalmente inserida, até mesmo porque as habilidades vão ser destacadas durante o acompanhamento”, aconselhou a psicóloga Marcelle Roberto Rodrigues.

“Sei, porque não gosto de coisas fáceis, mais de desafio. Quero ser cientista, gosto muito da Ciência. Estudar bichos e desenvolver aranhas. Quero desenvolver alguma coisa que ajude as pessoas através da ciência, curar todas as doenças ou criar um líquido para que os bombeiros não se queimassem”, respondeu Júlio Cezar Silva, 7 anos, ao ser questionado pela reportagem se sabia o quanto era inteligente.

Conforme a mãe da criança, Kátia Cilene Cruz, 39 anos, Júlio sempre foi bastante incentivado, mas já nasceu curioso e atento. Ao ir ao supermercado, ele pegava as frutas e dizia as cores e nomes. No diálogo, ele sempre perguntava demais, conversava e formava frases. Quando ia ao pediatra, o médico ficava assustado, pois a criança com pouco menos de um ano já falava em inglês e português.
“Na verdade nunca expliquei para ele que é mais inteligente do que uma criança da sua idade, as coisas foram acontecendo de acordo com o crescimento, tudo muito natural. Mas eu mesma o abordava com alguns assuntos e explicava que ele era bastante inteligente, mas muito sutil. Ele não tem consciência que tem uma inteligência acima da média, ele é muito novo, nunca falei tão claro, até mesmo porque precisamos ter mais provas”, pontuou Kátia Cilene Cruz.

Na escola a relação é complicada. Segundo a mãe de Júlio Cezar, apesar da informação acessível, existem escolas, mesmo as que são inclusivas, que não possuem capacitação e atividades voltadas ao desenvolvimento dos superdotados.

“ Na escola é uma dor de cabeça, a gente não tem auxilio nenhum. A professora explicou que em 22 anos de profissão nunca teve um aluno superdotado, é tudo novo. Quando ele começou na escola foi muito complicado, porque eu era chamada por conta do comportamento dele. Os conteúdos abordados na sala de aula eram fáceis para ele, então, isso faz com que ele se distraia e atrapalhe o amigo. A professora chama atenção. Nosso objetivo seria transferi-lo para uma série à frente, justamente para que ele evolua, mas para isso estamos desenvolvendo esse acompanhamento no Núcleo”, esclareceu a mãe.

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Jornal da Paraíba

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