João Pessoa tem 12 pontos de alagamento

“Quando vou dormir e vejo que está chovendo já fico preocupada com o dia seguinte e peço a Deus para que faça a chuva cessar, porque é sempre igual: choveu a noite toda, a cidade amanhece alagada. O sofrimento já começa ao sair de casa, pois para ir trabalhar passo pela Sérgio Guerra, mas em dias assim tenho que buscar uma rota alternativa e aí acabo me atrasando”, desabafa a técnica de enfermagem Telma Vilarim, 28 anos, ao se referir à principal avenida do bairro dos Bancários, em João Pessoa, onde reside. Ela é apenas um exemplo entre milhares de pessoenses que sofrem as consequências das fortes chuvas registradas na capital, que geram diversos pontos de alagamentos.

Chegar atrasado ao trabalho, na escola ou em qualquer outro compromisso por conta dos alagamentos não é o único prejuízo enfrentado pela população de João Pessoa. Por muitas vezes, os transtornos afetam o bolso dos pessoenses, já que muitos motoristas se arriscam na travessia desses trechos e acabam tendo o veículo danificado. Foi o que aconteceu com o mecânico Francisco Edgley, que ao tentar passar pela ladeira do Cuiá, que liga os bairros de Mangabeira e Valentina Figueiredo, precisou da ajuda de moradores para retirar o carro que ficou boiando no local.

“O carro encheu de água e o prejuízo foi grande. Bateu o motor e a lataria enferrujou em alguns locais, além de outros reparos que foram feitos. Mas fazer o quê? Se toda vez que chove é assim e vai permanecer assim, porque as autoridades tem conhecimento disso, mas não resolvem. Para o cidadão, é difícil ter que trabalhar a vida toda para passar por isso”, lamenta.

Francisco Edgley passou por esse sufoco na manhã do último dia 4 deste mês, quando entre a tarde do dia 3 e a madrugada do dia seguinte choveu 188,8 milímetros (mm), em João Pessoa, durante 16h, ultrapassando em mais de 180% a média histórica para todo o mês de setembro, que é 67,7 mm.

De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra), que monitora os alagamentos em João Pessoa, na cidade existem, pelo menos, 12 pontos críticos de alagamentos. Entre eles, estão os dois locais citados pela técnica de enfermagem e o mecânico, além de outras avenidas de grande circulação de veículos e até mesmo ruas de pequeno fluxo de trânsito, localizadas em bairros mais distantes da malha central.

O secretário da Seinfra, Ronaldo Guerra, afirma que tais alagamentos são registrados há alguns anos e apontou como principal causa o subdimensionamento da rede de drenagem, onde que há casos em que será preciso elevar o nível da rua, para executar projetos de redimensionamento da rede. “Todos os pontos citados são constantemente monitorados pelas equipes da Seinfra, principalmente em períodos de chuvas intensas, como as que ocorreram recentemente. É importante frisar que a rede de drenagem da cidade é antiga e esta subdimensionada com o crescimento habitacional e imobiliário da cidade”, explica.

Dessa forma, Ronaldo Guerra garante que novos estudos e respectivos projetos estão sendo desenvolvidos pela prefeitura para que o problema seja sanado. “Dos 12 pontos críticos de alagamentos, pelo menos três deles possuem projeto de intervenções em fase conclusiva de licitação para solucionar os alagamentos, onde estão previstas para até 30 dias o início das obras de redimensionamento da rede de drenagem em duas localidades”, garante.