VIDA URBANA
Jornal da Paraíba traz caderno sobre 50 anos do Golpe Militar
Caderno especial publicado na edição deste domingo (30) relembra golpe militar de 1964.
Publicado em 29/03/2014 às 13:30
Há 50 anos, na madrugada de 31 de março de 1964, o Brasil entrava em um período marcado pelas incertezas políticas e por uma forte repressão. A Ditadura Militar começou após o golpe que retirou o presidente João Goulart do cargo e se estendeu até 1985, negando ao brasileiro o direito de votar e perseguindo violentamente os cidadãos que se posicionaram contra o regime.
Na Paraíba, os 'Anos de Chumbo', como o período ficou conhecido, deixaram marcas, que mesmo após cinco décadas, ainda provocam sofrimento e lembranças amargas.
O Jornal da Paraíba ouviu relatos de pessoas que sentiram a dureza do regime ditatorial e preparou para este domingo (30) um caderno especial contando estas histórias, que mostram a crueldade da perseguição a estudantes, jornalistas, políticos, artistas e camponeses.
Durante a produção das reportagens, alguns entrevistados se emocionaram e tiveram que interromper a conversa ao relembrar do que passaram na Ditadura Militar. O sentimento de tristeza e injustiça, no entanto, não os fizeram desistir de contar as histórias que marcaram suas vidas.
Neste caderno especial você vai conferir histórias como as dos atores Zezita Matos e Fernando Teixeira. Eles viveram na clandestinidade, se escondendo na casa de familiares. A atriz lembra momentos de tensão vividos durante o regime ditatorial, como o dia que os militares chegaram ao Lyceu Paraibano procurando por ela. A sorte é que eles a chamaram pelo nome de registro; o apelido Zezita a salvou naquele dia. Fernando, por sua vez, teve de fugir e trabalhar como frentista antes de voltar para João Pessoa.
A reportagem conversou também Elizabeth Teixeira, símbolo das Ligas Camponesas na Paraíba. Elizabeth continuou a luta depois de ver o marido assassinado em uma emboscada. Em uma conversa emocionada, Elizabeth relembrou, com riqueza de detalhes, o dia que foi presa pelos militares, que a torturaram, inclusive. Para não morrer, ela viveu escondida no Rio Grande do Norte, longe dos filhos e da casa onde começou uma vida simples e cheia de sonhos ao lado do marido João Pedro Teixeira.
Outro relato que você confere nesta edição é o do jornalista Cristiano Teixeira, que lamenta ter tido a 'infância roubada' pela Ditadura. Ele conta que teve a casa invadida várias vezes pelos militares que queriam prender o pai, o também jornalista Jório Machado. Perseguido, ele chegou a ser arrastado de dentro de casa. Uma imagem difícil de ser apagada da memória
Muitas outras histórias serão contadas. Histórias de tristeza e sofrimento, mas que se destacam principalmente pela bravura de seus protagonistas. Após 50 anos da Ditadura Militar, a Paraíba continua, através da Comissão Estadual da Verdade, tentando juntar as peças para esclarecer sumiços e denunciar torturas registradas no período. Um trabalho que prossegue e não pode, jamais, ser esquecido.
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