VIDA URBANA
JP não tem assistência veterinária gratuita
Sem assistência gratuita, aumentam os casos de animais abandonados nas ruas ou entregues ao Centro de Zoonoses.
Publicado em 30/10/2012 às 6:00
João Pessoa possui, em média, um cão ou gato para cada sete habitantes. A cidade abriga 723.515 cidadãos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 110 mil animais, segundo estimativa do Centro de Zoonoses Municipal.
Apesar disso, a capital ainda não dispõe de um serviço que preste assistência veterinária gratuita aos animais doentes.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária da Paraíba (CRMV/PB), George Cavalcanti, esse tipo de tratamento está praticamente restrito à rede privada, no Estado. Ele explica que o curso de Medicina Veterinária é oferecido nos campi da Universidade Federal da Paraíba, que funcionam nas cidades de Sousa, Patos e Areia. Nesses locais, é possível encontrar atendimento para os animais, mediante pagamento de pequenas taxas. No entanto, a assistência gratuita não existe no Estado.
O veterinário explica que a realidade é mesma na maioria das regiões do país. No Brasil, só existe hospital público para animais, como gatos e cachorros, em São Paulo. “A instalação de hospitais públicos para animais é uma reivindicação das organizações não governamentais. Mas defendemos que isso só ocorra seguindo certas condições, porque não basta só criar um hospital no papel. É preciso garantir recursos para que ele funcione. Já iniciamos estudos para auxiliar os governos a tomarem essa medida”, acrescentou.
Sem assistência gratuita, aumentam os casos de animais abandonados nas ruas ou entregues ao Centro de Zoonoses de João Pessoa para serem sacrificados. Só no mês passado, 870 cães e gatos foram atendidos no local. Alguns estavam doentes e foram levados pelos próprios donos.
“Na verdade, a população quer é se livrar do problema.
Independente da enfermidade que o animal tenha, algumas pessoas preferem os deixar no Centro de Zoonoses do que procurar o tratamento”, diz o veterinário e coordenador de Vacinação Felipe Sobral.
Ele acrescenta que a única função do serviço é manter o controle das doenças que podem ser transmitidas dos animais para as pessoas, a exemplo de toxoplasmose, raiva e leptospirose. “Não temos estrutura para atender os casos de doenças. A maioria dos animais que chegam aqui foi encontrada nas ruas, após ser abandonada pelos donos. Aqueles que chegam em boas condições de saúde são vacinados e encaminhados para adoção. Já os que estão doentes são direcionados para a eutanásia”.
Mantido pela Secretaria Municipal de Saúde, o Centro é o único serviço público que presta alguma assistência aos animais na capital. No entanto, o local não faz tratamento de doenças.
Apenas aplica vacinas e pratica a chamada eutanásia, ou seja, aplica medicamentos que levarão à morte os cães e gatos que chegam doentes ao local.
O diretor do Centro, Antonio Medeiros, explica que não é atribuição do serviço tratar animais doentes. “Decidimos manter o expediente durante o almoço, para melhorar o atendimento à população. Mas não atendemos casos de animais doentes. No máximo, fazemos exames para verificar se o caso se trata de leishmaniose (doença conhecida como calazar) e, se preciso, aplicamos a vacina”, disse.
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