VIDA URBANA
Lagoa é tombada nos anos 80
Publicado em 02/08/2015 às 8:00
A Lagoa, portanto, foi o segundo momento de expansão da cidade. “Antigamente as pessoas retiravam água da Lagoa, que é uma fonte natural, para abastecer suas casas. Lá também pescavam”, explica Ferreira. No ano de 1924, com Saturnino de Brito, acontece a primeira fase de urbanização da Lagoa. Em 1940, o paisagista Roberto Burle Marx desenha a área com as árvores e canteiros. Na década de 80, o parque foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (Iphaep). Atualmente a Lagoa do Parque Solon de Lucena passa por um novo processo de reurbanização, pela Prefeitura de João Pessoa.
O dinamismo do prefeito Guedes Pereira possibilitou a criação de uma nova cidade, ou do crescimento de João Pessoa. Entre os anos de 1910 a 1924, a cidade sentiu o gosto do progresso, que se seguiu também no governo de Camilo de Holanda. Dentre as obras que foram construídas estão a Escola Normal (hoje Palácio da Justiça), o da Imprensa Oficial, a Praça Venâncio Neiva (sem o Pavilhão do Chá, construído por João Pessoa), o prolongamento da rua General Osório até a da República, e a abertura da avenida Epitácio Pessoa, que levaria ao 'descobrimento' do mar.
Com a avenida Epitácio Pessoa, a capital passou a ser uma cidade marítima. O caminho que leva ao mar proporcionou a criação de novos bairros, como Torre, Estados, Expedicionários, até chegar aos bairros da praia propriamente ditos, como Tambaú e Cabo Branco. Tambaú, inclusive, era considerada uma praia de luxo. A princípio, segundo conta no livro 'Uma cidade de quatro séculos', Tambaú era dividido em dois bairros: Santo Antônio à esquerda e Cabo Branco à direita. No governo de João Agripino, começa a construção do que se tornaria, mais tarde, um dos grandes cartões-postais de João Pessoa: o Hotel Tropical Tambaú.
ANTES DO BONDE
Com a expansão, a capital passou a contar com um transporte denominado gasolina, que antecedeu o bonde elétrico. A gasolina era um tipo de transporte que se assemelha a um jipe, que movimentava-se através de trilhos.
O DIA DA FUNDAÇÃO
Para o historiador paraibano Gilvan de Brito, há dois equívocos em relação ao 5 de agosto de 1585, conhecido como o dia da fundação de João Pessoa. Ele defende a tese de que a Paraíba foi criada 11 anos antes, em 1574, pelo rei dom Sebastião, quando houve o avanço da colonização, até então prejudicada pela ação dos índios potiguaras com os franceses, que retiravam o pau-brasil. Outro fato citado pelo historiador é a tragédia de Tracunhaém, “quando os índios invadiram o engenho de Diogo Dias e mataram as pessoas que lá estavam, em um número superior a 600”.
O segundo equívoco, de acordo com Brito, é o gênero feminino adotado para a Paraíba. “Todos os estados brasileiros cujos nomes derivam de rios, como Paraná, Amazonas, Tocantins, dentre outros, aparecem no gênero masculino, que vem do rio, um curso de água natural”, explica. O historiador lembra que o Sumário das Armadas, escrito por um padre jesuíta, antes da ocupação, citava a Paraíba em gênero masculino. “Era a capitania real do Paraíba, porque esse era o nome que se dava antes da ocupação”, afirma.
Em relação ao primeiro nome recebido – Nossa Senhora das Neves – Brito explica que esse era uma referência ao santo do dia. “Por esse motivo, a Paraíba, onde nunca caiu um floco de neve, passou a ser chamada de Nossa Senhora das Neves”, frisa. O nome, segundo o historiador, deriva de um evento milagroso ocorrido em Roma, quando o monte Esquilino apareceu coberto de neve no dia 5 de agosto de 352, fora da estação.
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