VIDA URBANA
Largas rachaduras nas paredes deixam famílias apreensivas em Bayeux
Famílias do Porto do Moinho vivem em casas com rachaduras e reclamam da falta de auxílio da prefeitura.
Publicado em 11/08/2015 às 8:32
Em poucos metros quadrados, uma família de oito pessoas divide o pequeno espaço do casebre erguido à margem do rio Sanhauá, na comunidade Porto do Moinho, em Bayeux, na Região Metropolitana de João Pessoa. O pescador José de Arimatéia, 43 anos, é quem garante o sustento da família, mas o que ganha é pouco e mal dá para sobreviver. Sem condições financeiras, ele, as filhas, genros e esposa convivem com o medo do imóvel desabar, pois as rachaduras nas paredes são muitas, em vários cômodos e algumas são da espessura de um dedo. Essa é a realidade de quem mora no local.
O temor ronda muitas famílias que vivem nas comunidades ribeirinhas do município, que é cercado por manguezais. A necessidade de estar próximo à maré, principal fonte de renda, as fazem conviver com a vulnerabilidade dos imóveis afetados pela rachaduras, infiltrações, piso quebrado e até construídos com barro e galhos de árvores.
José de Arimatéia disse que quando sai para pescar fica preocupado e com o coração aflito por deixar a família em condições tão precárias, correndo risco de morte caso ocorra o desabamento do imóvel. “Uma das minhas filhas está grávida e minha esposa é esquizofrênica, então a minha preocupação é dobrada. Ainda ontem, quando estava no banho, ouvi um estalo e saí correndo enrolado na toalha com medo que o teto caísse sobre mim”, relatou.
Na casa de Maria de Lourdes, 59 anos, onde mora com o marido e um filho adolescente que necessita de cuidados especiais, por ter paralisia cerebral, a situação é ainda mais agravante. As rachaduras nas paredes chegam a ser de quatro dedos de largura. “Vivemos assustados por conta das condições da casa, mas não temos para onde ir e nem podemos nos afastar da maré porque é dela que tiramos o nosso sustento. Não temos como sobreviver sem a pesca”, lamentou.
Algumas casas depois, Rosicleide Freitas, 30 anos, que mora com os três filhos pequenos em uma casinha de sapê, tenta diminuir as fendas nas paredes com tecidos, para evitar a entrada de pragas urbanas. “Como tenho crianças, além da falta de infraestrutura da casa, tenho medo de entrar ratos e baratas por essas brechas. Sem contar que com as últimas chuvas parte do barro em alguns lugares já caiu”, disse.
Segundo moradores da região, a prefeitura não disponibiliza nenhum serviço de apoio às famílias, nem possui projetos sociais voltados para a comunidade. “Somos esquecidos pela prefeitura”, asseverou Rosicleide, com o apoio dos demais moradores do local.
O que diz a prefeitura
A reportagem procurou, por telefone, a Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social de Bayeux, mas não conseguiu contato com a titular da pasta, Maria Cristina Mota, e a adjunta, Gesiele Firmino. A assessoria de comunicação da secretaria informou que somente as secretárias poderiam falar sobre a assistência às famílias da comunidade Porto do Moinho. (Colaborou Katiana Ramos)
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