VIDA URBANA
Mais de 13 mil vítimas de acidentes atendidas
Problema passou a ser tratado pelo Ministério da Saúde como epidemia nacional; são mais de 13 mil pacientes atendidos na PB.
Publicado em 02/10/2012 às 6:00
O alto número de internações hospitalares para tratar vítimas de acidentes de trânsito fez com que o Ministério da Saúde classificasse o problema como uma epidemia nacional. Entre os meses de janeiro e agosto deste ano, os dois hospitais de referência a atendimento de emergência e trauma da Paraíba, de João Pessoa e Campina Grande, registraram juntos a entrada de 13.383 pacientes que se envolveram em acidentes envolvendo carros, ônibus, motocicletas, bicicletas e atropelamentos. Só em Campina Grande já foram gastos neste ano mais de R$ 13 milhões em tratamento de vítimas do trânsito.
O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking mundial de países com maior número de óbitos no trânsito em classificação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS). As vítimas do trânsito estão sobrecarregando os hospitais públicos de todo o Brasil e geraram um gasto nacional de R$ 200 milhões no ano passado.
Segundo a Secretaria de Estado da Saúde 2.234 pessoas perderam suas vidas em acidentes de trânsito na Paraíba nos últimos três anos. Um estudo do Ministério da Saúde indica que, caso a tendência se mantenha crescente, em 2015 o Brasil terá mais mortes em decorrência do trânsito do que de homicídios.
Em João Pessoa, os números de vítimas de acidentes de trânsito entre janeiro e agosto de 2012 apresentaram uma pequena redução em relação ao mesmo período do ano passado, mas se mantêm elevados. O Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena recebeu 5.621 pessoas acidentadas enquanto nos mesmos meses do ano passado foram registradas 6.306 entradas deste tipo.
Os custos para tratar um paciente que se envolveu em uma queda de moto, colisão entre veículos, capotada ou atropelamento são altos. Segundo o diretor técnico do Hospital de Trauma da capital, Edvan Benevides, se for considerado que uma vítima de acidente de trânsito com ferimentos de média complexidade passa pelo menos 30 dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde a internação diária custa R$ 1.200,00, o estado gasta, em média, R$ 36.000,00 com cada paciente. Se for acrescentado um procedimento cirúrgico, esse valor pode aumentar para R$ 46.000,00 mensais. O custo da permanência diária na enfermaria, para casos de pequena complexidade, é em torno de R$ 600,00.
Já o Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes, em Campina Grande, registra o maior fluxo de pacientes no Estado – uma média de 12 mil pessoas por mês – e entre janeiro e agosto de 2012 já registrou 7.761 entradas de vítimas de acidentes de trânsito (incluindo carros, motocicletas, bicicletas e atropelamentos). As ocorrências envolvendo motos são as mais comuns (6.295 até agosto).
O diretor geral da unidade, Geraldo Medeiros, afirma que a maior parte do orçamento mensal fica comprometida com os acidentes de trânsito. “Realizamos uma média de 850 cirurgias por mês e a maioria é motivada por acidentes de trânsito, sobretudo com motos. Essas cirurgias, somadas aos atendimentos em ambulatório e Unidade de Terapia Intensiva, significam um gasto de R$ 1,5 milhão por mês. A localização geográfica de Campina Grande coloca nosso hospital como uma das unidades de trauma mais movimentadas do Nordeste, onde são atendidos não apenas paraibanos, mas pessoas de estados vizinhos também”, frisa.
O panorama negativo na Paraíba é uma amostra do que acontece em esfera nacional. Segundo a Área Técnica de Vigilâncias e Acidentes do Ministério da Saúde, em 2011 foram internadas em hospitais da rede pública 153.565 pessoas. “A epidemia de mortes por acidente de trânsito é um problema nacional de mortalidade. De acordo com o Ministério da Saúde, morrem anualmente cerca de 50 mil pessoas assassinadas. Se os acidentes de trânsito persistem em escala crescente, esse número será ultrapassado em três anos. Esse é um dado estarrecedor”, avalia Geraldo Medeiros.
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