VIDA URBANA
Mais de três roubos a pessoas são registrados por dia em Campina Grande
Celular é o objeto mais levado pelos bandidos durante as ações criminosas, segundo informações do Ciop.
Publicado em 31/12/2016 às 12:00
"O pior não foi o celular roubado, foi imaginar que eu poderia ter sido esfaqueado naquele momento. Depois desse dia, fui praticamente obrigado a mudar o comportamento e desconfiar de todo mundo, pelo medo de passar por isso de novo". O depoimento do estudante André Luiz, 23 anos, reflete o trauma vivido pelas pessoas vítimas de assaltos, em Campina Grande. Para se ter uma ideia da gravidade do problema, são raros os dias em que não foi registrado esse tipo de ocorrência e os altos índices de assaltos fazem com que as vítimas se tornem reféns dos próprios medos.
O estudante foi vítima de assalto em junho deste ano, durante um arrastão dentro do Terminal de Integração, no Centro da cidade. "Nunca tive medo de esperar o ônibus no terminal, lá eu sempre me senti seguro. Acreditava que deveria ser um lugar onde houvesse um bom policiamento. Eram 6h10 e a movimentação estava intensa de pessoas indo trabalhar. Estava tranquilo, até perceber que seis rapazes, armados com facas, vieram em minha direção. Um deles disse que se eu não entregasse o celular ele iria me matar a facadas. Foi terrível a forma truculenta como tudo aconteceu", explicou.
O caso de André é apenas um dos mais de 1.136 mil registrados pelo Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop), entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2016. Os dados são de um levantamento exclusivo realizado pelo JORNAL DA PARAÍBA. Entretanto, o número de vítimas pode ser ainda maior, isso porque em algumas ocorrências várias pessoas são assaltadas, como acontece nos arrastões e ainda tem as que não registram a ocorrência. Em 653 casos, os bandidos levaram os aparelhos celulares das vítimas.
Se comparado com o ano passado, houve uma queda de apenas 3,4% nas ocorrências caraterizadas por roubo a pessoas. De janeiro a dezembro de 2015, foram 1.178 casos registrados pelo Ciop. Sendo que os casos mais frequentes foram nos meses de agosto e março, que tiveram 139 e 133 assaltos, respectivamente. Ainda dentro de um comparativo, o Centro da cidade liderou no ano passado, com 144 assaltos.
Já neste ano, os bairros onde foram registrados mais assaltos, ainda conforme os dados do Ciop, foram o Centro (155), Catolé (85), Bodocongó (74), Malvinas (73), Alto Branco (40), Liberdade (38), Cruzeiro (35). Já com relação aos períodos de mais ocorrências, os meses de abril, maio e junho tiveram uma média de 135 ocorrências, o que representa quase cinco assaltos por dia, que ocorreram, em sua maioria, no horário das 19h às 20h.
Policia Militar garante investimentos para diminuir roubos em Campina Grande
Nos dados disponibilizados pelo Ciop, é possível notar uma considerável redução nos casos de roubo a pessoa entre os meses de julho (105) e agosto (25). Uma diminuição de 76,1%. De acordo com o comandante de policiamento regional da Paraíba, coronel João da Mata, a redução é resultado de investimentos aplicados nesse período.“Logo depois que terminou o são joão, o Estado fez investimentos no sentido de adquirir mais viaturas. Nós temos em torno de mil viaturas, para esse policiamento ostensivo. Na nossa região foram substituídas 400 viaturas, que dá uma capacidade operacional maior”, explicou.
O coronel também criticou a legislação brasileira que, segundo ele, dispõe de leis brandas. “O 2º batalhão prendeu mais de 1.400 pessoas em 2016. A grande maioria delas já está nas ruas reincidindo. Muitos deles, presos mais de cinco vezes pelos mesmos crimes. A questão policial é a parte final disso. Temos que chamar outras vertentes social para fazer parte da discussão. Nosso legislador federal precisa nos dar leis penais mais efetivas.
Já o delegado seccional da Polícia Civil em Campina Grande, Iasley Almeida, disse que a grande parte dos boletins registrados nas delegacias distritais é referente a roubo a pedestre. “Quase metade é de roubo ou furto de documento e celular. Muitos dentro de transporte coletivo e feiras. Locais com grande aglomeração e efetivo policial pequeno.” Ele diz que o perfil das pessoas que praticam esse tipo de assalto, é de usuário de drogas. “Quase todos são envolvidos e acabam roubando para alimentar o vício”.
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