VIDA URBANA
Mais de uma pessoa por dia inicia luta contra HIV
Número de paraibanos que contraíram o vírus HIV subiu para 2.325; falta de diálogo e resistência em usar preservativo são principais causas.
Publicado em 22/05/2012 às 6:30
Trinta e oito pessoas iniciaram o tratamento contra a Aids apenas no mês passado, na Paraíba. A média ficou acima de um caso por dia, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). Com os novos registros, subiu para 2.325 o número de paraibanos que lutam contra a doença, atualmente. Deste total, 2.295 são adultos e 30 possuem menos de 12 anos. Ausência de diálogo na família e resistência em usar preservativos são as principais causas desse aumento.
Em João Pessoa, existem 1.540 pessoas com diagnóstico positivo da doença, segundo o coordenador da Central de Testagem e Aconselhamento de Aids e outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) da Secretaria Municipal de Saúde, Roberto Maia.
Para ele, o que mais impressiona é a quantidade de mulheres infectadas pela doença. “Antes, a maioria dos portadores era do sexo masculino, mas estamos percebendo a prevalecência dos casos entre mulheres. Aquelas que são donas de casa e possuem mais de 50 anos já representam quase 17% dos registros. Ao todo, as mulheres, somando todas as faixas etárias, somam 35% dos portadores”, conta.
Para o especialista, o principal motivo é a falta de diálogo e a resistência em usar preservativos. “Essas mulheres que possuem mais de 50 anos vêm de uma geração que sente dificuldades de falar de sexo e de exigir que o marido use preservativos durante as relações sexuais”, observa.
Para conscientizar a população, a Prefeitura de João Pessoa iniciou a campanha “Segurança da Mulher”, que envolve uma série de ações educativas. “Queremos conscientizar as mulheres sobre o risco de fazer sexo sem camisinha. Elas devem discutir o assunto e exigir o preservativo, até mesmo durante relações com seu marido”, enfatiza Roberto.
A SES também intensificou os trabalhos para deter o avanço da Aids entre as mulheres. No entanto, focou as ações também com os presos. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, durante os cinco primeiros meses deste ano, foram feitos 12 mil testes rápidos de diagnóstico da doença em presidiários, profissionais do sexo e gestantes, considerados os grupos mais vulneráveis ao contágio do vírus HIV.
Além disso, a Secretaria equipou os três centros de Testagem e Aconselhamento, instalados nas cidades de Campina Grande, Princesa Isabel e João Pessoa, para agilizar o atendimento à população. Nas outras cidades, as pessoas também podem buscar auxílio nas Unidades de Saúde da Família, que as encaminham para as instituições especializadas.
Os pacientes que são diagnosticados com o vírus HIV são enviados para uma das três instituições credenciadas a fazer o tratamento no Estado. Duas ficam em João Pessoa e são o Complexo Hospitalar Clementino Fraga e o Hospital Universitário Lauro Wanderley. A terceira é o Hospital Universitário Alcides Carneiro, localizado em Campina Grande.
Nesses locais, os pacientes são avaliados por médico infectologista e realizam novos exames para identificar se existe a necessidade de iniciar o tratamento com antirretrovirais. Das três unidades de saúde, o Clementino Fraga, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas da Paraíba, é o que atende à maior demanda.
São cerca de 30 mil pacientes em tratamento contra a Aids e outros nove tipos de doenças, atualmente, na instituição. Além de consultas médicas, exames e acompanhamento com diversas especialidades, a instituição fornece os medicamentos prescritos.
Comentários