VIDA URBANA
Maternidade: quando o amor de mãe é maior que os obstáculos
Amor incondicional de estudante de nutrição pelo filho transformou a vida do menino e foi essencial para que ele vencesse desafios, superando a paralisia cerebral.
Publicado em 08/05/2016 às 7:00
Ser mãe é vencer um desafio a cada dia. Seja para quem está começando a vivenciar a maternidade, seja para quem já mergulhou nessa experiência há anos, assumir a responsabilidade da criação de um filho não é uma tarefa fácil e instiga muitas mulheres a superarem os próprios limites. A estudante de nutrição Suelen Lima, de 27 anos, que mora em Campina Grande, é prova disso. Aos 18 ela descobriu que seria mãe, porém a notícia surgiu em um momento no qual ela ainda estava se descobrindo como mulher. O nascimento do filho, Pedro Gabriel, foi outro impacto e veio acompanhado da descoberta de que ele tinha paralisia cerebral, transformando a sua forma de encarar o mundo.
“Quando eu descobri que estava grávida eu era muito jovem e tudo era novo pra mim. No primeiro momento foi uma surpresa porque eu não estava contando com isso, mas nunca encarei essa situação como algo traumatizante. Ele nasceu de parto normal e não tive nenhuma complicação, mas quando ele estava com seis meses recebeu o diagnóstico da paralisia cerebral. No começo foi um choque, mas ser mãe de Pedro me fez criar uma nova forma de ver as pessoas e as coisas. Ele me fez criar forças que eu não imaginava que tinha”, comentou Suelen ao destacar as transformações que a maternidade trouxe para a vida dela.
Atualmente Pedro Gabriel tem 8 anos, é filho único e Suelen conta que, em nome de um amor incondicional, ela e o esposo Fabrício Silva, 38 anos, sempre estiveram dispostos a fazer de tudo para que o filho tivesse qualidade de vida e não lhe faltasse nada. Contudo, a família enfrenta muitas dificuldades. “Somos só eu e meu esposo para cuidar dele porque nossa família não é daqui e além disso tem a questão da falta de inclusão social. Eu sofri muito para matricular ele em uma escola regular. Ele não fala, é cadeirante e tudo fica mais complicado. A gente se comunica pelo olhar e é assim que vamos nos descobrindo”, comentou Suelen.
Suelen conta com o apoio do esposo, que sempre desempenhou um papel muito ativo na criação de Pedro Gabriel. Na luta diária para dar o melhor de si ao filho, Suelen vai se reinventando como mulher, como mãe e como ser humano. “Sou mãe, estudante, dona de casa, esposa e acabo fazendo o papel de fisioterapeuta também com meu filho (risos). Definir o que é ser mãe é muito difícil, mas olhando para o meu filho percebo que ser mãe é viver e vencer um dia de cada vez sem se preocupar tanto com o futuro, mas pensando sempre na qualidade de vida dele o que inclui muito amor e carinho. A maternidade me ensinou a botar o coração em tudo que faço”, concluiu.
Grupo discute a maternidade de crianças especiais
A relação de mães com filhos especiais envolve uma série de questões que acabam unindo as mulheres na luta pela inclusão social. E é com esse propósito que há cerca de dois anos foi criado o grupo 'Mães Especiais da Paraíba'. Atualmente ele é composto por mais de 1,5 mil mães de crianças com deficiência que se reúnem para trocar informações e compartilhar experiências. A proposta dessas mães é mostrar que seus filhos são pessoas normais e capazes, dentro das suas limitações.
As informações estão de acordo com a idealizadora do grupo, Cleide Lira, mãe de Gabriel, que tem deficiência motora e intelectual. Na condição de mãe de uma criança especial, ela se deparava com muitos desafios e sentiu a necessidade de partilhar sua experiência com outras mulheres em uma situação semelhante a dela.
As mães se reúnem para discutir assuntos relacionados a terapias, profissionais, escolas, lazer, tratamentos alternativos, entidades, direitos e acessibilidade. Elas são mulheres ativistas que buscam alertar as pessoas sobre a necessidade de conviver com as diferenças. O grupo tem uma página no Fabebook e a rede social se transformou em um canal entre as mães e a sociedade.
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