VIDA URBANA
Média de cáries dos paraibanos é duas vezes maior que a nacional
Índice do Ministério da Saúde revela que a Paraíba está no ranking dos Estados com pior higiene bucal do país.
Publicado em 15/04/2015 às 7:00 | Atualizado em 15/02/2024 às 12:29
Os paraibanos possuem quase duas vezes mais cárie do que a média nacional. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), enquanto a média de dentes cariados, perdidos e obturados (CPO) do país é de até dois dentes, a dos paraibanos é de 3,84. Esse índice coloca a Paraíba no segundo lugar no ranking dos Estados que possuem a pior higiene bucal do país, perdendo apenas para Rondônia (3,98). Para diminuir esses índices, professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em parceria com o MS e uma empresa privada, elaboraram estudo no qual vão acompanhar 47 cidades por cinco anos, distribuindo kits de higiene bucal, dando orientações e observando de que forma isso impactará na saúde bucal da população.
O CPO é um indicador da quantidade de cáries emitido levando em consideração a quantidade de cáries existente em adolescentes de 12 anos de idade. No interior do Nordeste, em específico da Paraíba, esse índice chega a níveis preocupantes, de acordo com o professor do curso de Odontologia da UFPB e coordenador do projeto, Fábio Sampaio. O professor explicou que o Estado contribuiu significativamente para essa colocação do Nordeste e que isso se deve a diversos fatores, como baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), alimentação inadequada e uma escovação negligente.
O índice revela uma situação ainda mais preocupante, conforme Sampaio, porque a Organização Mundial de Saúde estabeleceu que, no ano 2000, o Brasil deveria ter uma meta abaixo de 3. Este índice, apesar de ter sido atingido em nível nacional, não seguiu o mesmo caminho em todas as unidades da federação, que apresentam grandes disparidades, como é o caso da Paraíba. “Isso se deve, inicialmente, a uma questão cultural. Temos hábito de consumir açúcar exageradamente.
Além disso, tem a questão da desinformação. Não temos uma boa prática de higiene bucal, a escovação dos paraibanos é mal feita, irregular”, explicou, ressaltando, ainda, um outro fator para a fragilidade dos dentes dos paraibanos: a não fluoretação da água que sai pelas nossas torneiras. “Temos poucas cidades da Paraíba com fluoretação da água”, afirmou.
Jovens sabem importância da escovação
Doces, sorvetes e alimentos gordurosos são uma tentação para jovens, contudo a escovação após a ingestão desses alimentos não é tão tentadora assim. Segundo alguns adolescentes, não é incomum ver pessoas com muitas cáries e negligenciando as, pelo menos, duas escovações diárias, contudo eles compreendem a importância de manter uma boa higiene bucal.
Eliel Carneiro, de 13 anos, escova três vezes ao dia, todos os dias. Além de ter sido orientado desde pequeno quanto à importância da escovação, ele ainda usa aparelho, o que, garante, requer ainda mais cuidado. “Eu escovo três vezes ou mais, dependendo de quantas vezes eu coma. É muito importante cuidar dos dentes logo cedo para não perder. Eu fui orientado desde cedo pelos meus pais a bem escovar os dentes”, disse, revelando não ter cárie.
Diferentemente dele, Larissa Gomes, de 18 anos, tem duas obturações. Ela disse que o cuidado é constante, assim como a visita ao dentista. “Eu tenho duas obturações, mas eu escovo sempre, de duas a três vezes por dia, e vou sempre ao dentista, porque é importante cuidarmos de nossa saúde bucal”, comentou.
Luana da Silva também compreende a importância da saúde bucal. Ela revelou que ama doces e, sempre que tem oportunidade, está tomando um sorvete ou comendo alguma besteira, contudo a escovação posterior é obrigatória. “Eu como besteira, mas escovo logo depois. Minha saúde bucal sempre foi bem cuidada, porque sempre fui orientada por meus pais. Atualmente, eu não tenho nenhuma cárie nem obturações”, afirmou.
De acordo com Fábio Sampaio, a escovação é fundamental para evitar cáries. “É preciso que se escove, no mínimo, duas vezes ao dia com um creme dental fluoretado. Dessas escovações, a principal é a noturna e não precisa colocar muito creme dental, o que importa é a frequência”, disse, reiterando que, além disso, uma alimentação sem grandes quantidades de açúcares também é favorável a uma boa saúde bucal.
CEOS atendem 8 mil pessoas diariamente
A coordenadora da Área Técnica de Saúde Bucal de João Pessoa, Maria Betânia de Morais, disse que a Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP) tem atenção especial à saúde bucal dos pessoenses e que são atendidas cerca de oito mil pessoas por mês nos quatro Centro de Especialidade Odontológica (CEO). “Conseguimos uma cobertura de 82% da população, que coloca a cidade de João Pessoa em posição destaque na avaliação do Ministério da Saúde. Temos dois centros, na Torre e em Jaguaribe, que concentram um grande atendimento e possuem diversas especialidades. Além do tratamento, também trabalhamos na promoção e prevenção da saúde bucal”, disse Maria Betânia de Morais. Ainda há CEO no bairro do Cristo e em Mangabeira.
Os CEOs possuem serviços de odontopediatria, cirurgia bucomaxilofacial, endodontia, dentística, radiologia, periodontia, estomatologia, tratamento à pessoa com deficiência, serviços de diagnóstico bucal, realização de biópsias e prótese dentária.
Além desta oferta, todas as 184 equipes dos Programas de Saúde da Família (PSF) também possuem profissionais especializados em tratamentos da saúde bucal. (Colaborou Luiz Carlos Lima)
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