VIDA URBANA
Medo ronda os pontos de ônibus
Conscientes do risco de assaltos e estupros, estudantes adotaram estratégias para garantir o mínimo de segurança na volta para casa.
Publicado em 07/07/2013 às 14:00 | Atualizado em 14/04/2023 às 14:20
Pegar ônibus e sair sozinho à noite pode representar grandes riscos para estudantes de instituições de ensino superior em João Pessoa.
Conscientes do risco de assaltos e estupros, os estudantes adotaram estratégias para garantir o mínimo de segurança na volta para casa. Alguns pontos de ônibus são evitados durante a noite e andar em grupo é sempre prioridade. A situação de insegurança encontra respaldo em dados estatísticos. Apenas nos cinco primeiros dias deste mês, já foram registrados 17 assaltos a ônibus na capital em diversos bairros.
Nas proximidades das paradas de ônibus da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), o fim da tarde vem acompanhado de insegurança. Na rua Delmiro Diniz, os pontos de parada são cercados por uma mata. No fim da tarde, elas ficam isoladas, pois os alunos temem ser assaltados e optam por esperar o transporte coletivo na parte da frente da instituição de ensino, que apresenta maior movimentação de pessoas e veículos.
“À tarde esse local fica muito isolado e a mata pode até servir de esconderijo para algum criminoso. Após as 16h30 eu prefiro não pegar o ônibus aqui. Ando um pouco mais e vou até o HU (Hospital Universitário) onde é mais movimentado”, disse o dentista Douglas Flávio. Os casos de assalto e até tentativa de estupro causam medo nos estudantes.
“Eu tenho medo porque já ouvi relatos de pessoas que foram assaltadas nessas imediações. No fim da tarde é quando dá mais medo. Os casos de tentativa de estupro aconteceram há um certo tempo, mas é sempre bom ter cuidado e redobrar a segurança”, destacou a estudante de enfermagem, Ana Karoline Câmara.
As paradas vazias denunciam o medo dos estudantes, entretanto o último registro de tentativa de estupro no local aconteceu no ano de 2011, o que levou a polícia a reforçar a segurança no local. Mesmo a presença de um posto da Polícia Militar (PM) na entrada principal da UFPB não é suficiente para restaurar a sensação de segurança de quem frequenta a instituição.
O cenário é diferente no Campus IV, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), no bairro Cristo Redentor. Funcionários da instituição revelaram que o último crime ocorrido nas imediações da instituição aconteceu no ano passado. Apesar do clima não ser de total tranquilidade, não há relatos de assaltos praticados contra alunos ou funcionários do campus.
Este ano, uma mulher sofreu violência sexual no entorno de uma faculdade particular localizada às margens da BR-230, na capital. A rua deserta e um matagal existente na área facilitou que o crime fosse praticado sem que qualquer pessoa percebesse a ação. O homem abordou a mulher quando ela saía da academia e a levou até a região, onde praticou o crime.
IFPB TAMBÉM É ALVO DE ASSALTOS
A vulnerabilidade na segurança é ainda mais visível no Instituto Federal da Paraíba (IFPB), no bairro de Jaguaribe, onde há registros de crimes no interior da instituição e também ao redor. O crime mais recente aconteceu no último dia 17, quando a cooperativa de crédito do instituto foi assaltada durante a manhã. Os relatos de assaltos e furtos sofridos pelos estudantes e funcionários são recorrentes e assustam quem estuda no campus.
“Uma funcionária foi abordada quando estava saindo do IFPB. Dois homens que estavam em uma moto roubaram o veículo dela e ainda chegaram a espancá-la”, disse uma funcionária. Já o diretor-geral do IFPB, Jobson Nogueira, afirmou que os assaltos ocorrem em plena luz do dia, principalmente em uma saída localizada nos fundos da instituição, considerada a mais vulnerável, mas a sensação de insegurança é maior no período da noite.
“Aqui há um grande número de pessoas, tanto estudantes quanto funcionários, o que acaba atraindo criminosos. As reclamações em relação à insegurança são constantes”, afirmou Jobson Nogueira. Para reforçar a segurança, todo o campus é monitorado atualmente por um circuito interno de câmeras.
“Também vamos instalar catracas na instituição e todos os funcionários e alunos serão identificados por crachás. Dessa forma, apenas as pessoas que possuírem cadastro terão acesso ao campus e assim iremos identificar as pessoas que estão circulando aqui dentro”, ressaltou Jobson Nogueira.
Os assaltos acontecem principalmente na rua Carmelo Ruffo, quando os alunos estão chegando ou saindo da instituição de ensino. Segundo moradores do local, os crimes são praticados geralmente por duplas de criminosos que utilizam bicicletas ou motocicletas de 50 cilindradas para fugir.
Uma Unidade de Polícia Solidária (UPS) está instalada ao lado do IFPB, porém, segundo os moradores, o efetivo não supre a necessidade por segurança pública. “Infelizmente eles não dão conta, porque a área é muito grande”, disse Austregésilo Euflausino. Já o diretor do IFPB, Jobson Nogueira, revelou que a presença da UPS reduziu o número de crimes na área, entretanto não acabou com as ocorrências.
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