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VIDA URBANA

Menos uniões e mais divórcios

Pesquisa divulgada pelo IBGE aponta queda de 0,8% no número de matrimônios entre 2010 e 2011 na Paraíba e alta de 66,23% nos divórcios.

Publicado em 18/12/2012 às 6:00


Menos casamentos e mais divórcios estão sendo registrados na Paraíba. É o que revela a pesquisa 'Estatísticas do Registro Civil 2011', divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os anos de 2010 e 2011, a quantidade de matrimônios caiu 0,8%. No mesmo período, o número de divórcios subiu 66,23%. No país, os números de divórcios e de casamentos cresceram, respectivamente, 45,6% e 5% em 2011 na comparação com o ano anterior. Ao todo, foram registrados 351.153 divórcios ou 2,6 separações por mil habitantes acima de 20 anos - um recorde na história. Já os casamentos somaram 1.026.736 ou sete para cada mil habitantes de 15 anos ou mais - a maior taxa desde 2001.

Para religiosos, os números revelam a falência de valores familiares. De acordo com o estudo, em 2010, foram oficializados 19.506 casamentos no Estado. Um ano depois, esse número caiu para 19.335. As cidades que mais registraram os matrimônios foram João Pessoa (4.597), Campina Grande (3.063), Santa Rita (711), Bayeux (616), Patos (600), Queimadas (315), Mamanguape (298), Caaporã (298) e Cabedelo (293).

Já em relação aos divórcios, ocorreu o oposto. Em 2010, a Justiça foi acionada para decretar o fim da união de 3.154 casais na Paraíba. Doze meses mais tarde, essa quantidade cresceu para 5.243. A maior ocorrência de divórcio foi registrada na capital paraibana (1.240), seguida por Campina (868), Bayeux ( 379), Patos (290), Santa Rita (141), Sousa (131) e Cabedelo (120).

O estudo do IBGE ainda mostrou que os homens são os principais responsáveis pelos chamados 'arranjos familiares'.

Este termo é dado à união de pessoas que já tiveram casamentos desfeitos e que resolveram iniciar uma nova relação, dando origem a uma outra família. Em 2011, dos 19.335 casamentos feitos na Paraíba, 235 foram de homens viúvos e outros 2.204 de noivos divorciados. Os solteiros somavam 16.665. Já entre as mulheres, a realidade foi diferente. Do total de noivas que oficializaram a relação no ano passado, 135 eram viúvas, 1.218 eram divorciadas e 17.722 eram solteiras.

Apesar dos registros desses novos arranjos familiares, o crescimento do divórcio ainda é motivo de muita preocupação para a Igreja Católica, apontada como a instituição que mais concentra fiéis no Estado. Dos 3.766.528 habitantes da Paraíba, 1.599.376 seguem as doutrinas do Vaticano. Eles correspondem a um percentual de 42,46% do total de moradores paraibanos, segundo dados do Censo 2010.

O arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto, lembra que a manutenção do casamento está entre as principais recomendações feitas aos católicos, dentro e fora das igrejas.

Para isso, os padres e outras lideranças espirituais são orientadas a fazer uso de sermões e de trabalhos de aconselhamento de casais para ajudar os fiéis a superar dificuldades e permanecer com a união. No entanto, apesar das ações, o arcebispo reconhece que as separações conjugais estão aumentando e culpa a ausência de valores éticos.

"Esse desmantelamento de famílias está ocorrendo por causa da falência dos princípios éticos e morais que deverão reger a monogamia, o compromisso sério e os valores familiares. Tudo isso está causando uma instabilidade muito grande nas relações conjugais, que afetam não apenas os casais, como também os filhos, causando sérias consequências sociais. São famílias desestruturadas e que precisam de ajuda”, observa.

Para os evangélicos, o aumento de divórcios também se deve à falência dos princípios familiares. Com 571 mil adeptos, os protestantes representam a segunda maior religião do Estado e seguem uma doutrina que também prima pela manutenção do casamento. No entanto, até mesmo entre esses religiosos, há aumento de relações conjugais desfeitas. O pastor Estevam Fernandes, titular da 1ª Igreja Batista, explica que a doutrina cristã ensina que a relação conjugal deve ser preservada. No entanto, ele observa que a ausência de princípios está provocando separações até entre as lideranças das igrejas. “Essa tendência de menos casamentos e mais divórcios está se intensificando nos últimos 5 anos. E o mais gritante é que isso não está afetando apenas os fiéis, como também os próprios pastores”, lamenta.

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Jornal da Paraíba

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