VIDA URBANA
Mensagens entre Patrick e Marvin detalham chacina
Diálogos mostram que Patrick premeditou os assassinatos.
Publicado em 31/10/2016 às 10:13
“Até eu duvidei de mim, eu pensei que ia ter nojo. Mas eu me convenci de uma coisa, eu sou um doente mesmo”. A fala é de Patrick Gouveia, assassino confesso de quatro parentes na Espanha, e foi enviada ao amigo Marvin Henriques Correia logo após o crime ser praticado. O programa Fantástico, da TV Globo, teve acesso às mensagens trocadas entre os dois jovens durante a chacina . Nelas, fica claro que Marvin, preso na sexta-feira (28), aconselhou e 'deu dicas' a Patrick.
O quádruplo assassinato aconteceu na cidade de Pioz, província de Guadalajara, no dia 17 de agosto e foi descoberto um mês depois. As vítimas foram os paraibanos Marcos Campos Nogueira, a esposa dele, Janaína Santos Américo, e os dois filhos pequenos do casal. As investigações da polícia espanhola apontaram para um único suspeito: François Patrick Nogueira Gouveia, sobrinho de Marcos. O jovem se entregou na Espanha em 19 de outubro, onde acabou confessando o crime alguns dias depois.
Surpreendentemente, na sexta-feira, a Polícia Civil da Paraíba anunciou a prisão de um segundo suspeito. A prisão preventiva foi pedida pelo Ministério Público, que acredita que o jovem de 18 anos participou do crime, mesmo à distância. Ele trocou mensagens via WhatsApp com Patrick, enquanto esta executava o crime bárbaro.
De acordo com o material obtido pelo Fantástico, os dois começaram a conversar às 14h06 no Brasil, 19h06 na Espanha. Patrick conta a Marvin que já tinha matado Janaína e as crianças e estava esperando o tio Marcos chegar. Marvin pergunta como o amigo abordou as vítimas e em sequência ri. “Queria imaginar imaginar a cena, você chegando pra matar. Kkkk (sic)”. Revelando premeditação, Patrick conta que usou pizzas para fazer a abordagem.Na sequência, Marvin pergunta quem tinha sido a primeira vítima. “Na mulher. Depois a mais velha , de 3 anos. Depois o moleque de 1 ano”, contou Patrick.
“Ele colaborou, ele auxiliou mentalmente. Se fosse uma pessoa que não coadunasse com essa situação teria bloqueado, teria parado a história ali, teria aconselhado o amigo a parar”, afirmou o delegado Reinaldo Nóbrega, responsável pela investigação na Paraíba.
Em outro momento da conversa, Marvin dá dicas de fuga ao amigo. “Sai despercebido aí. Sai pela frente mesmo, de manhã, como se fosse caminhar ou algo do tipo, sei lá”, disse. Em depoimento à Polícia Civil da Paraíba, ao qual o Fantástico também teve acesso, Marvin diz que não lembrava em detalhes o que tinha conversado com Patrick. Ele disse também que não sabia que o que estava fazendo era crime, e se mostrou arrependido.
Para a polícia, a principal mensagem que mostra o envolvimento de Martin é quando fala com Patrick sobre Marcos, que estava prestes a chegar. "Concentre, não falhe . Boa sorte”, escreveu o rapaz.
Os dois conversaram durante duas horas e meia, até que Patrick parou de mandar mensagens. Nove minutos depois o assassino retoma o contato, diz que matou o tio e manda uma série de fotos. Em outro diálogo, Patrick mais uma vez deixa claro que tinha noção do que estava fazendo. “Se eu fosse preso aqui, de boa. Nem ligava. Ia ficar numa cela só pra mim”.
O outro lado
Segundo o advogado de Marvin Henriques, Sheyner Asfora, ainda é cedo para dizer que o jovem teve participação na chacina."O que tem na investigação preliminar é que o Patrick, que já estava na Espanha, e conhecia o Marvin, encaminhou fotos [dos corpos]. Isso parte do Patrick e não do Marvin", alega o advogado. Ainda segundo Asfora, trocar mensagens não caracteriza participação no crime.
Sobre a confissão da participação por parte de Marvin, Asfora foi enfático. "Ele confessou apenas que trocou mensagens", afirmou.
Em entrevista ao JORNAL DA PARAÍBA, o pai de Marvin, Percival Henriques disse não acreditar que o filho tenha orientado Patrick durante o crime. "Marvin é um menino doce, sempre solícito com os amigos, tem um numero muito grande de pessoas que sabem que ele é gentil, sensível, gosta de animais e de crianças. Estão tentando construir um monstro, onde só há um cara que acabou de sair da adolescência", afirmou Percival."Não há a menor possibilidade de ele não ter vomitado ou passado mal se visse a cena [os assassinatos] no local do fato", completou.
Percival confirma que o filho recebeu imagens de Patrick, mas disse que isso aconteceu apenas depois do crime. Ele disse que Marvin errou ao não denunciar o amigo e merece ser punido por isso.
O jovem passou o final de semana preso e deve passar por uma audiência de custódia ainda nesta segunda-feira (31)
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