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VIDA URBANA

Mineradores morrem soterrados no Seridó; são 4 mortes em um mês

Dois trabalhadores ficaram presos em túnel após desmoronamento de terra. Cooperativa denuncia acidentes frequentes. Ministério estuda convocar força-tarefa em empresas.

Publicado em 02/12/2010 às 11:44

Karoline Zilah

Dois mineradores foram vítimas de um soterramento enquanto trabalhavam numa empresa de garimpo localizada no município de Junco do Seridó, na região do Seridó. De acordo com uma cooperativa de trabalhadores, uma retroescavadeira da Prefeitura faz o trabalho de resgate junto com outros mineradores. Por estarem dentro de um túnel, os homens não conseguiram sobreviver ao desmoronamento de terra.

Os corpos foram levados para o Hospital Otília Balduíno, na mesma cidade. Uma terceira pessoa que estava no local conseguiu sair com vida, sofrendo ferimentos leves. Foi ele quem convocou os colegas para resgatar os homens soterrados.

Com a confirmação das mortes, a Paraíba tem um saldo de cinco mortes por acidentes em mineradoras neste ano. Destes, quatro foram registrados somente no último mês, o que alerta os órgãos competentes quando às condições de trabalho. O acidente aconteceu numa empresa regularizada de exploração de caulim na comunidade Várzea da Carneira.

Irregularidades

Em novembro, o Jornal da Paraíba publicou que o setor de mineração emprega na informalidade cerca de 40% da mão de obra do município de Junco do Seridó. A informação é da Cooperativa de Mineradores do Seridó (Cooperjunco). O trabalho realizado por operários de forma irregular em mineradoras fez com que apenas este ano fossem encaminhados 30 procedimentos ao Ministério Público Federal (MPF), pedindo a apuração de acidentes e formas precárias de exploração do trabalho.

Os processos foram encaminhados pela superintendência local do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), órgão pertencente ao Ministério de Minas e Energia. A superintendente Marina Motta Gadelha demonstrou preocupação com o ocorrido. Ela informou que encaminhou engenheiros ao local e que deverá providenciar uma força-tarefa de fiscalização para detectar as irregularidades que resultaram nos acidentes mais recentes na região do Seridó.

No primeiro acidente ocorrido em novembro, o departamento encaminhou um pedido de providências a Brasília. Nestes casos, o Ministério Público do Trabalho também pode intervir para checar as condições de trabalho. Embora os números sejam preocupantes, o DNPM ainda aguarda laudos das perícias feitas na mineradoras. Os três primeiros casos do ano aconteceram em áreas exploradas irregularmente. Já este último foi numa barreira regularizada por uma empresa.

O trabalho informal, sem equipamentos de segurança e sem acompanhamento de profissionais em Engenharia e Geologia, reforça o perigo de acidentes com mortes. Em novembro, Aparecida Farias, representante da Cooperjunco, denunciou ao Paraíba1 que as autoridades responsáveis não agiam com eficácia no combate à exploração ilegal dos garimpos.

O Seridó paraibano é uma área rica em caulim e quartzitos, o que atrai empresários que terceirizam mineradores e exploram a atividade irregularmente. O Departamento de Produção Mineral, em parceria com a UFCG, o Sebrae e o Governo do Estado, tem um programa de regularização das mineradoras, oferecendo suporte técnico e acompanhamento profissional.

Imagem

Jornal da Paraíba

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