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VIDA URBANA

Ministério da Saúde fará auditoria no Trauma de JP

Objetivo é apurar as denúncias de problemas como uso de furadeiras inadequadas em cirurgias.

Publicado em 14/02/2012 às 6:30


Equipes do Ministério da Saúde virão à Paraíba para realizar auditoria no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa. A informação foi confirmada ontem pelo procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho, Eduardo Varandas. A nova inspeção, cuja data não foi divulgada, terá a finalidade de apurar irregularidades no hospital, que incluem até uso de furadeiras de construção civil em procedimentos cirúrgicos.

Com essa nova auditoria, subirá para seis a quantidade de inspeções realizadas na instituição hospitalar, desde que ela passou a ser administrada pela Organização Não Governamental Cruz Vermelha, no ano passado. A unidade de saúde já foi auditada por equipes do Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM/PB), Vigilância Sanitária, Superintendência de Trabalho e Emprego e Tribunal de Contas da União. As inspeções constataram uma série de irregularidades que colocam em risco a vida dos pacientes e a segurança dos profissionais.

O resultado das auditorias deu origem a um relatório de 300 páginas que foi anexado a ações judiciais movidas pelo procurador Eduardo Varandas. Ele explica que, em apenas uma dessas ações, há o pedido de multa de R$ 5 milhões contra os secretários Waldson de Souza (Saúde) e Livânia Farias (Administração) e de R$ 10 milhões contra o Governo do Estado, em virtude dos danos causados à população pelas irregularidades detectadas no Trauma.

“Já sabemos que o Hospital de Trauma está maquiando a realidade, enviando pacientes para o Ortotrauma de Mangabeira e para um hospital anexo, que ninguém sabe onde fica. Isso está sendo feito para mostrar à sociedade que o atendimento está controlado, sem superlotação, para confundir a opinião pública”, declarou.

“Mas nos nossos relatórios, temos irregularidades ainda mais graves, como uso de equipamentos sujos e sem manutenção, médicos expostos à radiação e até de furadeiras sem o registro da Anvisa”, completou.

A denúncia mais recente envolvendo a administração da Cruz Vermelha foi feita na última sexta-feira pelo presidente do Sindicato dos Médicos da Paraíba, Tarcísio de Campos Saraiva.

Ele disse que médicos do Trauma ainda usam furadeiras elétricas produzidas exclusivamente para atividades na construção civil em cirurgias de pacientes.

A prática, condenada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), já havia sido denunciada há cinco meses por médicos-cirurgiões do Trauma, durante uma audiência na Câmara Municipal de João Pessoa. O caso chegou a mobilizar o Ministério Público da Paraíba, o CRM/PB e até a imprensa nacional.

O presidente do CRM/PB, João Medeiros, recebeu com preocupação a informação de que as furadeiras permanecem sendo usadas de forma inadequada. Ele considerou a denúncia grave e garantiu que ela será investigada pelo Conselho. O médico ainda acrescentou que as furadeiras inadequadas representam um risco à vida do paciente, porque aumentam o tempo de recuperação e risco de infecção.

“Recebi com preocupação essa informação, mas acho que esse problema é fácil de ser resolvido, porque os equipamentos médicos custam pouco e podem ser adquiridos pelo Estado.

Para mim, esse problema de furadeiras já havia sido resolvido.

Esse procedimento é proibido pela Anvisa e, com certeza, o CRM/PB irá adotar as providências necessárias com relação a isso”, garantiu.

Imagem

Jornal da Paraíba

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