Moradores fazem protesto no Altiplano

Moradores que vivem em um prédio abandonado localizado na principal via de acesso do bairro do Altiplano, em João Pessoa, realizaram um protesto durante a manhã de ontem. As 26 famílias que vivem no local temem o desabamento da estrutura, que ficou ainda mais comprometida devido às chuvas que caíram nos últimos dias na capital.

Para chamar a atenção das autoridades, os moradores interditaram um trecho da avenida João Cyrilo da Silva com pedras, entulhos e galhos de árvores. Durante quase 30 minutos, o tráfego no local ficou lento e agentes da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) foram chamados para desviar o trânsito.

Após liberar a pista, os moradores planejam ocupar, ainda esta semana, a escola municipal Anita Trigueiro, que fica nas proximidades, por medo de continuar no prédio. “Aqui estamos abandonados e a mercê de uma tragédia. Só queremos sair daqui para um lugar melhor. Se a Prefeitura não resolver nossa situação, o jeito vai ser entrar na escola”, afirmou o representante dos moradores, Alexsandro Barbosa.

O perigo que ronda as famílias, que estão no imóvel há pelo menos quatro anos, é visível. Há rachaduras e buracos nos pisos e teto e os pilares que sustentam as paredes estão com as vigas de ferro desgastadas. “Faz quatro anos que estou aqui. Fiz o cadastro na Prefeitura, mas até agora não vieram me dizer quando vamos sair daqui. Estão esperando a gente morrer?”, questiona a moradora Rayanne dos Santos.

Na mesma situação está Patrícia Bezerra. Mãe de três filhos pequenos, ela teme que o pior aconteça com as crianças, já que o bloco onde mora está com rachaduras e infiltrações. “Quando choveu essa semana, inundou meu quarto e tinha goteira por todo canto. Fiquei com medo de cair tudo”, lamenta.

Além de conviver com o medo de um desabamento, os moradores ainda enfrentam dificuldades quanto aos atendimentos de saúde e serviços de coleta de lixo no local.

A secretária de Habitação Social de João Pessoa, Socorro Gadelha, informou que os moradores do prédio abandonado não possuem registro na secretaria, logo não têm direito à relocação. “Nós não temos cadastro dessas famílias, elas precisam do cadastro para a relocação”, afirmou. Ainda de acordo com a secretária, nos próximos dias será encaminhada uma equipe de assistentes sociais ao local, que vão realizar o cadastro para que os moradores sejam inseridos nos próximos empreendimentos habitacionais do município.

Na Companhia Estadual de Habitação Popular (Cehap), segundo assessoria do órgão, não há qualquer tipo de cadastro sobre as famílias, nem existe planejamento de registro das mesmas.