VIDA URBANA
Morre mais uma criança cardiopata na Paraíba
Depois de meses esperando para passar por cirurgia e se curar de uma patologia cardíaca, Gabriel Victor Mateus, de um ano e nove meses, morreu em Itaporanga.
Publicado em 05/11/2008 às 17:06
Maurício Melo
Na manhã desta quarta-feira (5) a agricultora Rita Mateus perdeu o filho de um ano e nove meses por causa de uma doença cardíaca. Gabriel Victor Mateus, que sofria de sopro no coração e de Síndrome de Down, acordou às 5h, mamou e chegou a conversar com a mãe, antes de ter uma crise e morrer por voltas das 6h.
Dona Rita, que mora no município de Itaporanga, no Sertão, ainda ligou para o hospital e chamou uma ambulância, mas, mesmo com o atendimento de emergência, o bebê não resistiu ao ataque e morreu antes de chegar ao hospital. O enterro de Gabriel deve acontecer até as 7h da quinta-feira.
"Ele acordou bem e quis mamar, depois botei ele para arrotar e depois ele falou que estava cansadinho. Ele acordou bem e depois passou mal", assim foi como aconteceu a última crise de Gabriel contada pela mãe.
Este foi o último capítulo de uma história que começou há alguns meses quando a mãe foi procurar tratamento para o filho que já nasceu com o problema no coração. Logo que deu à luz Gabriel, dona Rita foi informada que apenas uma cirurgia poderia curar o menino.
"Pelo que eu me informei, na Paraíba toda apenas um médico sabe e pode fazer este tipo de cirurgia e meu filho não poderia contar com ele", revelou a mãe ainda inconsolada com a perda. Gabriel está entre os vários casos de crianças que precisam de cirurgia cardíaca e precisam buscar em outros estados o tratamento necessário.
Há cerca de um mês, Dona Rita foi ao hospital Imip, em Recife, Pernambuco, pela última vez.. O hospital pernambucano é referência em tratamento de crianças cardiopatas no Nordeste e, por conta disso, tem uma longa fila de espera. Para se deslocar até lá, a paraibana contava com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde, que lhe cedia um carro.
No entanto, na sua vez de ser operado, um outro menino tomou sua vez por estar em melhores condições de passar pelo procedimento e, como já era a terceira vez que dona Rita havia ido para Recife, e já estava lá há um mês, ela decidiu voltar para casa.
"Eu tenho o resto da minha família para cuidar, inclusive outro filho, e não podia ficar na casa de apoio por tempo indeterminado", lamentou dona Rita, que teve que voltar para Itaporanga, onde continuou esperando, até hoje, ser avisada pelo hospital sobre sua vez na fila de cirurgias.
O secretário de saúde de Itaporanga, Thalmo Barros, contou que todo o apoio solicitado pela mãe foi oferecido e que infelizmente a cidade, e nem no Estado, havia alguém que pudesse fazer a cirurgia que o menino precisava. "Segundo Rita, além dela haviam mais quatro ou cinco mães paraibanas na fila de espera do Imip", contou.
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