VIDA URBANA
Movimento chama atenção da cidade para importância histórica do Pavilhão do Chá
Movimento ocupa, neste domingo (1º), Pavilhão do Chá com o objetivo de chamar a atenção para a preservação de um marco histórico da capital.
Publicado em 01/02/2015 às 13:15 | Atualizado em 23/02/2024 às 15:59
A praça Venâncio Neiva, conhecida popularmente como Pavilhão do Chá, localizada no Centro de João Pessoa, será “ocupada” hoje, a partir das 15h, pelo movimento intitulado ‘Ocupa Pavilhão’ para uma série de atividades culturais, na tentativa de chamar atenção da sociedade para a preservação histórica e social desse reduto de lazer. A programação inclui peças de teatro, música e oficinas de arte (veja quadro ao lado).
“Estamos preocupados com o Pavilhão do Chá porque ele faz parte do patrimônio histórico da cidade e tem uma importante relevância para os moradores da cidade”, declarou o organizador do evento, Fábio Inocêncio.
Na década de 1920, quando as pessoas colocavam as cadeiras nas calçadas para se informar sobre os acontecimentos da cidade, espaço em que questões políticas eram debatidas e a sociedade se encontrava, as praças tinham uma função importante, hoje subutilizada.
Ao lado do Palácio da Redenção, sede administrativa do Governo do Estado, a Praça Venâncio Neiva foi construída pelo então governador Francisco Camilo de Holanda em 1917, com uma área de 6.400 m².
O arquiteto da Praça foi Pascoal Fiorillo, que também projetou um coreto com a finalidade, receber os cidadãos da cidade para entretenimento e lazer, tendo ao centro, uma pista de patinação.
Segundo o historiador Lúcio Flávio Vasconcelos, não havia urbanização, mas depois da criação da pista de patinação, o local serviu para o lazer das pessoas, além de ser ponto de encontro da sociedade da então cidade da ‘Parahyba’, atual João Pessoa.
“Aquela região era destinada para a elite da sociedade, pois ficava bem localizada no Centro da cidade. De um lado, tinha o Palácio do Governo do Estado, local onde o governador atendia. Do outro lado, fica até hoje a Academia de Comércio Epitácio Pessoa, inaugurado em 1922, servindo de instituição de ensino.
E nas proximidades, mais precisamente na Rua das Trincheiras, moravam os barões do açúcar, que tinham seus engenhos no município de Santa Rita”, relatou Vasconcelos.
O então presidente João Pessoa fez grandes transformações arquitetônicas na Capital desde que assumiu, em 1928, o governo. Não seria exceção a praça Venâncio Neiva.
Quando o ringue de patinação foi retirado, foi construído, no estilo pagode (templo) chinês, uma casa de chás. “Estava muito em evidência, naquela época, as famílias tomarem chá, influência do estilo de vida inglês. Então, o então governador resolveu retirar a pista de patinação e construir um pavilhão para que pudessem tomar o chá das cinco” completou o professor da UFPB.
A inauguração do "Pavilhão do Chá" ocorreu no dia 26 de julho de 1931 com uma área 380m².
Uma das pessoas que acompanhou essas transformações foi o ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Marcos Albuquerque. “Depois de ser uma casa de chá, o pavilhão passou algum tempo desativado até que, na década de 1940, se instalou uma sorveteria, que cheguei a frequentar”, afirmou.
Ainda segundo Albuquerque, o local serviu para outros empreendimentos. “Logo após a sorveteria ter fechado, lá (no pavilhão) foi restaurante, bar, passou um longo tempo fechado e, por último, outro restaurante. Mas infelizmente, parece que não teve continuidade”.
Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico do Estado (IPHAEP), em 1980, e pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), em 2007, a sociedade se mobiliza, neste domingo, buscando soluções para o uso adequado de uma praça que guarda a memória da cidade.
Prefeitura fará nova licitação para uso do Pavilhão do Chá
Sobre a última tentativa de ocupação do Pavilhão do Chá por parte da prefeitura, o secretário do Desenvolvimento Urbano de João Pessoa, Hildevânio Macêdo, informou que o restaurante, depois de algum tempo, não viu viabilidade de se manter aberto e, por isso, entregou a concessão de uso.
“O último empresário deixou o espaço em junho de 2014, alegando apenas que não tinha mais interesse em permanecer no local”, explicou o secretário, revelando, ainda, que os documentos para uma nova licitação foram enviados para a Secretaria de Planejamento mas ainda não há previsão quando ela será aberta.
Já o diretor da Fundação João Pessoa (Funjope), Maurício Burity, informou que não há nenhuma ação cultural destinada para aquele espaço, mas a fundação está aberta a sugestões dos produtores culturais da cidade. “A Funjope está à disposição da sociedade para acolher as sugestões”
Para o ‘Ocupa Pavilhão’, a programação deste domingo (1º) hoje é bastante diversificada e voltada para toda a família.
Confira a programação:
Espaço 1
15h DJ 10zanu, DJ Thiago Trapo
19h Peça 'Malefícios do Fumo' com ator Daniel Araújo e os músicos Diego Souza (guitarra) e Gerson Abrantes (bateria).
20h30 Escurinho Labacé + CassiCobra e convidados.
Espaço 2
15h Oficina de 'Teatro Feminista Ocupa Pavilhão', com Alice Maria. Livre para para maiores de 16 anos
17h Galharufas Companhia de Teatro com o espetáculo: 'Hair' (Suzy Lopes, Jorge Felix, Nyka Barros, Raquel Ferreira, Luã Brito)
18h30 Sessão Tintin Cineclube
19h30 Hellcife Soundsystem
Espaço 3
17h DJ Guirraiz
18h Dumatu TCC FHzero
19h Menestréis MCs
20h Camila Rocha MC e VJ Flavio Metralha VJfm
Espalhado pelo Pavilhão
Intervenção artísticas com Silvia Maria (Crochê de Rua); Piquenique; Samuel Avelar (Voz e violão); Yoga com Cynthia Cartaxo; Loja e Ateliê Comparsa; Presença da Comunidade Porto Do Capim em Ação e o Tijolinho Vermelho.
Fonte: Movimento Ocupa Pavilhão
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