VIDA URBANA
MP de Goiás pede prisão preventiva do médium João de Deus
Mais de 200 mulheres fizeram denúncias de abusos sexuais ao Ministério Público contra médium.
Publicado em 12/12/2018 às 19:09 | Atualizado em 13/12/2018 às 10:05
O Ministério Público Estadual de Goiás (MP-GO) pediu, no fim da tarde desta quarta-feira (12), a prisão preventiva do médium João de Deus, suspeito de praticar abusos sexuais em mulheres durante tratamentos espirituais, em Abadiânia, na região central de Goiás. Pedido ainda precisa ser aceito pela Justiça
O MP-GO já realizou 206 atendimentos a mulheres que se apresentam como vítimas de João de Deus. Duas delas são do exterior, uma dos Estados Unidos, outra da Suíça. A maioria das possíveis vítimas fez contato por meio do canal criado exclusivamente para essa finalidade, o e-mail [email protected] . Elas se identificaram como sendo de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. O MP-MG informou que fez dois atendimentos nesta quarta.
Todas as possíveis vítimas estão sendo orientadas a procurarem o Ministério Público de seu Estado, que ficará responsável pela coleta de depoimentos. Em seguida, essas provas serão enviadas para força-tarefa do MP-GO, que conta com cinco promotores de Justiça e duas psicólogas. As possíveis vítimas podem procurar o MP-GO pelo e-mail, pelos telefones (62) 3243-8051 e 8052 ou presencialmente.
O advogado Alberto Toron, que defende João de Deus, disse que ainda não foi comunicado oficialmente sobre o pedido e que seu cliente segue à disposição da Justiça para quaisquer esclarecimentos.
À disposição da Justiça
O médium goiano João Teixeira de Faria, João de Deus, disse nesta quarta-feira (12) que está à disposição da Justiça brasileira. Ele compareceu à Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO), onde realiza consultas e aconselhamentos espirituais, além das chamadas cirurgias espirituais há 42 anos.
"Irmãos e minhas queridas irmãs, agradeço a Deus por estar aqui. Quero cumprir a lei brasileira. Estou nas mãos da Justiça. O João de Deus ainda está vivo", declarou o médium.
Foi a primeira aparição pública de João de Deus desde que vieram a público as denúncias de que ele teria abusado sexualmente de frequentadoras do centro espírita. Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), até ontem, 206 mulheres já tinham procurado atendimento alegando serem vítimas do médium.
A chegada do médium à Casa Dom Inácio foi marcada por uma confusão entre jornalistas que tentavam se aproximar e frequentadores e funcionários do centro que tentavam afastá-lo dos profissionais de imprensa. Segundo assessores da casa, João de Deus sentiu-se mal logo após o tumulto e, sem condições de atender às centenas de pessoas que o aguardavam, deixou o local poucos minutos depois.
Inocência
De acordo com a assessora de imprensa da Casa Dom Inácio, Edna Gomes, João de Deus tem conversado pouco e garante ser inocente. "As denúncias realmente são gravíssimas e têm que ser apuradas. O seu João está à disposição da Justiça para que a verdade seja descoberta", disse a assessora, evitando entrar em detalhes sobre o teor das denúncias e sobre a estratégia que será adotada pela defesa do médium.
A previsão inicial é que o médium volte ao centro espírita nesta quinta-feira (13), caso seu estado de saúde permita. "Enquanto puder, o seu João vai continuar o trabalho dele. E se a Justiça achar que ele não deve, ele também está aberto a ajudar para que as coisas sejam apuradas".
Comentários