VIDA URBANA
MPPB apura mortes no 'Trauminha' da capital
Casos ocorreram em dezembro e parentes formalizaram denúncia e pedem investigação.
Publicado em 28/02/2015 às 6:00 | Atualizado em 21/02/2024 às 12:34
As mortes de dois pacientes no Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcísio Burity (Trauminha), em João Pessoa, ocorridas em dezembro do ano passado, estão sendo investigadas pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio da Promotoria de Saúde. Os inquéritos foram instaurados após reclamações de parentes dos pacientes. A direção da unidade disse que recebeu com estranheza a informação dos inquéritos para apurar esses óbitos, pois até o momento não foi notificada pelo MPPB.
Tanto o Inquérito Civil Público para investigar o óbito do paciente José Francisco do Nascimento, ocorrido em 8 de dezembro de 2014, como o para apurar a morte da paciente Maria Etelvina Gomes, 84 anos, ocorrido no dia 29 do mesmo mês, também no ano passado, foram publicados no Diário Eletrônico do MPPB, do último dia 18 de fevereiro.
Segundo a 1ª Promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Maria das Graças de Azevedo Santos, sempre que acontece uma morte em uma unidade hospitalar, seguida de reclamação de parentes do paciente, ou com algum tipo de denúncia, o MPPB tem o dever de investigar. “E é isso que estamos fazendo para ver se o óbito realmente se configura em algum crime. No entanto, não posso dar detalhes sobre o processo para não comprometer o andamento das investigações”, afirmou.
O presidente do Sindicato dos Médicos da Paraíba (SimedPB), Tarcísio Campos, preferiu não comentar o assunto sob a justificativa de que não tem conhecimento do processo.
O chefe de fiscalizações do Conselho Regional de Medicina, João Alberto, disse que o órgão não está investigando nada a respeito desses dois óbitos, mas garantiu que fiscalizações são realizadas rotineiramente. “Nós vistoriamos hospitais em todo o Estado. Na possibilidade de identificar alguma irregularidade, seja por negligência médica, por falta de insumos, como medicamentos e equipamentos, ou por condições inadequadas para a realização do serviço, que possam comprometer à assistência aos pacientes. Sobre esses dois casos o CRM não tem conhecimento”, declarou.
Alguns atendimentos estão comprometidos na unidade, como o da mãe da dona de casa Solange Toscano, 31 anos, que aguarda há 6 meses por uma cirurgia. “Minha mãe tem 67 anos e há um ano ela e quebrou o braço esquerdo. Há seis meses conseguimos o encaminhamento do Posto de Saúde para fazer uma cirurgia e colocar uma placa de titânio, mas ainda não conseguimos marcar. Ela deu entrada aqui por conta do diabetes que está alto e quando eu pergunto, informam que essa cirurgia está suspensa”, disse.
DIRETORIA DESCONHECE
A diretora do Complexo Hospitalar de Mangabeira Governador Tarcísio Burity (Trauminha), Fabiana Araújo, disse que a informação da reportagem sobre os inquéritos causou estranheza, pois até o momento não foi notificada pelo MPPB.
Por meio da assessoria de comunicação, Fabiana Araújo ressaltou que a unidade está em pleno funcionamento, sem registro de problemas no atendimento, com pacientes ou equipamentos. Além disso, ela informou que assim que receber a notificação da Promotoria de Saúde irá se pronunciar sobre o assunto.
Sobre a denúncia da paciente idosa que aguarda a realização de uma cirurgia no braço esquerdo, a diretora esclareceu que não há nenhum tipo de cirurgia suspensa no local, mas que há alguns procedimentos necessários a serem seguidos antes da cirurgia, como a estabilização do paciente, a exemplo de quando o nível de diabetes do paciente está alterado e precisa ser normalizado. Diariamente, o Trauminha faz mais de 12 procedimentos cirúrgicos, entre cirurgias eletivas, de emergência e urgência.
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