VIDA URBANA
Mulher denuncia erro médico em João Pessoa
Josiely Nascimento da Silva, de 20 anos, deu à luz uma menina no último dia 27 de abril, na Maternidade Santa Maria, em Mangabeira, e até hoje diz que vem enfrentando um sério problema pós-parto.
Publicado em 22/05/2008 às 9:14
Josiely Nascimento da Silva, de 20 anos, deu à luz uma menina no último dia 27 de abril, na Maternidade Santa Maria, em Mangabeira, e até hoje diz que vem enfrentando um sério problema pós-parto. Ela está eliminando fezes através da vagina. O suposto erro médico teria provocado uma fístula reto-vaginal, que é uma passagem conectando a vagina ao reto. O mais grave é que, ao detectar o problema, para resolver a situação, a jovem denunciou ter procurado atendimento não só na Santa Maria, mas também no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HU) e Edson Ramalho, mas não foi atendida. Segundo Josiely, os hospitais teriam alegado que “a Maternidade Santa Maria é que deveria corrigir o erro”.
“Dois dias depois que eu voltei para casa, fui ao banheiro e, quando olhei, estava defecando pela vagina. Eu voltei na maternidade, a médica me examinou e disse que estava tudo bem, que havia se criado uma fístula reto-vaginal, mas que isso acontece na gravidez, e que é normal, que não tinha sido erro da médica”, declarou Josiely. Ela foi mandada para casa novamente, apenas com orientações para que tratasse a infecção decorrente do problema. O procedimento de parto de Josiely foi feito pela médica Ana Cláudia Cavalcante. A paciente prestou queixa na 9ª Delegacia Distrital, que emitiu um Boletim de Ocorrência.
O marido de Josiely, Eli Ielpo da Silva, disse que como eles haviam procurado a Maternidade Cândida Vargas e não havia vagas, chegaram na Maternidade Santa Maria por volta das 2h, do dia 27 do mês passado, mas a criança só nasceu às 11h16. “Ela estava só com 4cm de dilatação”, revelou. A família suspeita que a médica teria cortado demais, ao realizar o parto, para dar passagem ao bebê.
Mesmo com suspeita de anemia e desnutrição, a paciente vem se alimentando apenas com líquido, pois com a conexão entre o reto e a vagina, ela sente dificuldade em defecar. Sem falar que o contato das fezes com a vagina continua provocando uma forte infecção que Josiely vem tratando à base de antibióticos.
No dia seguinte à segunda vez que Josiely procurou a Santa Maria e acabou sendo mandada de volta para casa por não dispor de cirurgião proctologista, a jovem conseguiu se consultar no Hospital Samaritano. “O médico disse que o meu caso era grave, que eu tinha que cuidar o mais rápido possível porque quanto mais demorasse, ficaria mais complicado ainda”, disse ela. “Mas os hospitais não me atenderam, ficaram me jogando de um lugar para o outro e o meu problema se agravando”, reclamou a jovem mãe.
Na última segunda-feira, a paciente voltou a procurar atendimento, dessa vez em uma policlínica particular, em Cruz das Armas. Mas lá, ela também não foi atendida, sendo devolvido o dinheiro da consulta e encaminhada para um outro serviço de saúde. A paciente reclamou que até conseguir um laudo médico está complicado, pela falta de atendimento. Ela e os familiares denunciaram, na segunda-feira à tarde, o caso ao Ministério Público Estadual, através da Promotoria de Saúde de João Pessoa. A curadora Ana Raquel enviou um ofício à Maternidade Santa Maria para que eles se pronunciem em 48h, pois são os responsáveis pelo ocorrido e pediu para Josiely voltar à Promotoria na próxima segunda-feira, caso ninguém da maternidade resolvesse o problema dela.
“O fato ocorreu realmente e a gente quer resolver o problema da paciente”, admitiu o diretor da Maternidade Santa Maria, Edson Neves, esclarecendo, entretanto, que a Santa Maria é uma maternidade de baixo risco, não possui proctologista e, por isso, a paciente foi encaminhada para o HU, onde existe o profissional. Para ele, a fístula pode ter sido ocasionada pelo “parto laborioso” e “não pode ser caracterizado como erro médico”.
A diretora técnica da Maternidade Santa Maria, Lúcia Araújo, explicou que o problema aconteceu porque os pontos se abriram, provocando uma fístula de 1,5cm, pois o reto está situado logo abaixo da mucosa vaginal. A diretora técnica disse que a paciente foi formalmente encaminhada para o HU, mas por causa de um “desencontro”, pela ausência de um médico, ela não foi atendida.
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