VIDA URBANA
Mulheres largam tratamento
Mulheres representam grande parte do número de pessoas que desistem do tratamento.
Publicado em 28/10/2012 às 15:00
O número de pessoas que desistem do tratamento contra as drogas têm sido cada vez maior em Campina Grande. De acordo com informações da coordenação dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) da cidade, as mulheres têm mais dificuldades para permanecer no tratamento. Os dados apontam que em 2012, das 405 pessoas que fazem tratamento no Caps AD, 50 são mulheres e metade delas abandonaram o tratamento antes de se livrar do vício.
A coordenadora geral dos Caps na cidade, Alda Cristina, explica que existe um Caps para atendimento específico aos dependentes que é o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps AD). “As mulheres que procuram ajuda estão na faixa etária entre 20 e 30 anos. Geralmente são separadas ou enfrentam problemas no relacionamento e praticamente todas elas têm filhos”, disse a coordenadora.
Alda também explicou que a maioria das mulheres se envolvem com o álcool e drogas por conta de problemas familiares e passam a acreditar que beber ou se drogar é uma saída. “Essas mulheres enfrentam os mais diversos tipos de problemas familiares e emocionais. Geralmente elas já bebem em festas e eventos e passam a acreditar que o álcool é um aliado no combate aos problemas que enfrentam dentro de casa”, enfatizou.
Ainda de acordo com a coordenadora a maioria das mulheres que procuram ajuda abandona o centro antes de estar livre da dependência. “50% das mulheres que buscam ajuda deixam o tratamento antes de se livrar do vício”, disse Alda Cristina. O tratamento é feito através de oficinas terapêuticas aplicadas por uma equipe multidisciplinar composta por médicos, psicólogos, enfermeiros e assistentes sociais.
Uma das mulheres que se tratam no Caps AD da cidade contou como se envolveu com o álcool e outras drogas. Ela pediu para ter a identidade preservada e disse que se envolveu com o álcool ainda na adolescência e em seguida por curiosidade provou maconha e se tornou dependente. “Eu já bebia com amigos, mas por curiosidade provei maconha e logo depois veio a cocaína”, contou. Durante o período em que usava cocaína, ela disse que chegou a tentar suicídio e hoje sofre de depressão. Mesmo sendo difícil se manter no tratamento, ela continua lutando contra a dependência.
Com o apoio da família, ela procurou ajuda para se livrar das drogas e há dois meses frequenta o Caps AD e disse que está se sentindo bem melhor com o acompanhamento que recebe. “Estou aqui e há dois meses não uso nenhum tipo de drogas. O tratamento me ajuda muito”, relatou.
Outra mulher atendida pelo Caps AD, também pediu para não ser identificada, contou que se envolveu com as drogas aos 15 anos, quando o namorado a incentivou a experimentar. “Eu via meu namorado fumando e ele me ofereceu maconha e foi daí pra pior, pois entrei até no crack”, disse.
Ela também contou que ficou durante oito meses em tratamento, mas teve uma recaída. “Agora há pouco eu tive uma recaída e fiquei 22 dias trancada numa casa só usando drogas”, contou.
Ainda de acordo com ela, a vida dela está em risco, pois deve dinheiro aos traficantes. “Minha vida está por um fio. Estou devendo aos traficantes uma alta quantia e eles ligaram para minha família e deram o prazo de duas semanas para pagar esse dinheiro”, revelou.
As duas mulheres ainda revelaram que durante os finais de semana, quando não há atendimento no Caps AD, elas ficam em casa e que não é fácil se manter no tratamento.
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