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VIDA URBANA

Mulheres ocupam 30% do quadro funcional de delegados no Estado

Na Paraíba, de acordo com estimativas da Adepdel do Estado, cerca de 30% do quadro funcional de delegados ativos, composto por 290 vagas, são ocupados por mulheres.

Publicado em 01/08/2010 às 18:31

João Paulo Medeiros
Do Jornal da Paraiba

Ficou para trás a ideia de que delegado de polícia teria de possuir um perfil burocrático e severo, como nos filmes americanos produzidos entre os anos de 1960 a 1980. Hoje é cada vez mais constante a presença feminina nas delegacias brasileiras. Na Paraíba, por exemplo, de acordo com estimativas da Associação de Defesa das Prerrogativas dos Delegados de Polícia Civil (Adepdel) do Estado, cerca de 30% do quadro funcional de delegados ativos, composto por 290 vagas, são ocupados por mulheres.

Além de muito trabalho e afinco nas investigações, as profissionais se destacam pela beleza e pela sensibilidade de atender às vítimas, familiares e até mesmo os acusados pela prática de crimes.

Na região de Campina Grande, polarizada pela 2ª Superintendência de Polícia Civil do Estado (2ª SRPC), das 31 delegacias existentes, 21 são ocupadas por delegadas. Em um ambiente muitas vezes castigado pela falta de estrutura física e pela ausência de instrumentos eficazes que ajudariam nas apurações dos fatos, as delegadas paraibanas têm conseguido dar passos importantes no combate à criminalidade.

O JORNAL DA PARAÍBA foi conferir de perto um pouco mais da história de três dessas profissionais que vêm se destacando pelo trabalho realizado no município: as delegadas Hertha França e Karine Luiz de Lima, que trabalham na Delegacia de Repressão aos Crimes Praticados contra Mulheres; e Elisabeth Regina Beckman de Souza, que passou dois anos à frente da Delegacia de Homicídios de Campina Grande e hoje é titular da 3ª Delegacia Distrital do município.

A paraibana de João Pessoa Karine Luiz, que há seis anos faz parte do quadro da Polícia Civil e atua há mais de um ano na Delegacia da Mulher campinense, não esconde a paixão pela profissão.

“Eu me sinto realizada, pois tento desempenhar meu trabalho da melhor forma, seguindo aquilo que está estabelecido na lei e o resultado tem sido satisfatório. O que mais me gratifica é quando chegamos ao final de uma investigação e conseguimos, além de desvendar o crime, retirar o autor do delito do convívio social.

Nossa profissão não é a mais tranquila, muitas vezes temos que lidar com pessoas perigosas, mas o fato de trabalhar com uma equipe competente, composta de pessoas confiáveis, nos dá a sensação de segurança e a força necessária para seguirmos em frente”, comemora a delegada.

'Impacto inicial da profissão foi difícil’

“Antes de ser policial, delegada, eu fui e sou mãe, e como sempre tive apoio de minha família e também tenho um apego muito grande aos meus familiares, e é tudo isso que me faz não ser apenas delegada, mas manter minha vida social e familiar. O impacto inicial da profissão é bem difícil e complicado. Para ressaltar mais essa situação, posso dizer que quando minha mãe viu o lugar em que eu ia trabalhar, logo que fui nomeada, ela fez a seguinte oferta: ‘minha filha, eu pago todas as suas despesas durante um ano, mas desista desta profissão e estude para fazer outros concursos’. Eu não aceitei, pois apesar de inicialmente também ter me assustado com o local, ser delegada sempre foi uma aspiração”, relatou a pernambucana do Recife, Elisabeth Beckman, ao lembrar da época em que ingressou na Polícia Civil paraibana em 2006.

Ela contou que embora o cotidiano das delegacias seja cansativo e muitas vezes eletrizante, pelo dinamismo que requer a profissão, “procuro manter o corpo e a mente sã, fazendo atividades físicas e indo ao salão. Mas após sair da academia, tenho afazeres em casa”, destacou.

O contingente feminino nas delegacias paraibanas é tanto que o vice-presidente da Adepdel-PB, Marcos Paulo Villela, garante que essa presença torna-se quase indiferente. “O trabalho das nossas colegas têm sido brilhante, tanto tecnicamente como em todos os aspectos da atividade policial. Não há diferenças, pelo contrário, a gente percebe que muitas delas têm até mais afinco. Talvez a grande questão é que essa imagem do delegado como xerife construída em filmes norte-americanos acabou. Hoje o trabalho do delegado é sobretudo técnico”, explicou o vice-presidente.

“Nunca senti discriminação por ser mulher e atuar na atividade policial, por parte dos colegas. Pelo contrário, eles sempre confiam e apoiam os trabalhos que realizamos. Da mesma forma, as pessoas indiciadas têm respeito, e quanto às vítimas, no momento, como estou na Delegacia da Mulher, é um fator positivo, porque se sentem mais à vontade para relatar situações, muitas vezes constrangedoras para elas, que não é fácil expor”, acrescentou Hertha França, depois de passar pelas delegacias do município de Areia, no Brejo paraibano; 6ª Delegacia Distrital e pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Criança e o Adolescente em Campina Grande. (JPM)

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Jornal da Paraíba

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