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VIDA URBANA

Nascem 5,7 mil bebês cardiopatas em 3 anos

'Círculo do Coração' tem contribuído no tratamento da doença na Paraíba.

Publicado em 18/05/2014 às 15:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 14:39

Quando Patrícia Rayanne, de 18 anos, deu à luz Pedro Rian no último mês de fevereiro, ela não imaginou que o significado do nome do filho daria provas das dificuldades que ele precisava superar já nos primeiros meses de vida. Além de bíblico, o significado do nome Pedro remete a "pedra", "rochedo", característica de quem não entrega sua vida facilmente.

Valendo-se disso, o menino, que é um dos cerca de 5.700 bebês paraibanos cardiopatas nascidos nos últimos 3 anos segue lutando contra a doença que atinge até dez crianças para cada mil nascidas vivas no Estado. A informação é da Organização Não Governamental Círculo do Coração, do Recife, que tem parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SES).

Também mãe de uma menina com pouco mais de 2 anos, a estudante que mora no bairro do Monte Santo, em Campina Grande, nem imaginava que um recém-nascido poderia ter um problema de coração. Mas, foram os seguidos sintomas de cansaço que a fez procurar um hospital para que o diagnóstico não viesse a tardar.

“Eu tive uma gestação sem problemas, fiz o pré-natal todo, já era minha segunda gravidez e Pedro nasceu normal, com 52 centímetros e 3,8 quilos. Só que logo nos primeiros dias ele ficava muito cansado. Então eu fui para o hospital, a doença foi diagnosticada e ele ficou internado um mês”, contou.

O desconhecimento de Patrícia sobre a incidência da doença é muito comum, segundo explica Sandra Mattos, presidente do 'Círculo do Coração', parceira da Secretaria de Estado da Saúde, que capacita profissionais, realiza exames e faz cirurgias nos casos mais graves de cardiopatia. De acordo com ela, a Paraíba segue a média nacional de nascimento de cardiopatas, mas tem apresentado um crescimento considerável nos últimos anos no que diz respeito ao exame, diagnóstico, tratamento, unidades hospitalares que recebem os pacientes e principalmente nas cirurgias.

“Há 3 anos, na Paraíba, apenas o Hospital Arlinda Marques, em João Pessoa, identificava a doença, mas transferia os pacientes para Estados vizinhos. Isso gerava um custo muito alto para o Estado, além de não atender à demanda. Hoje, além desse hospital que já pode realizar cirurgias cardíacas em crianças, temos 20 maternidades espalhadas no Estado que realizam exames de oximetria (mede a quantidade de oxigênio do sangue), têm profissionais capacitados para o tratamento, tecnologia para termos contato através de videoconferência, e uma cobertura ampla. Somente os casos mais graves é que operamos no Hospital Português no Recife”, explicou Sandra Mattos.

A realização dessa parceria foi determinante para que a assistência aos bebês cardiopatas mudasse. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, nos últimos dois anos foram feitas quase 250 cirurgias, enquanto que todas as outras crianças identificadas com a doença seguem em tratamento na Paraíba. “Este projeto tem um impacto enorme em saúde pública e digo sempre que paciência, persistência e boa vontade são as chaves do sucesso. Após a realização do exame de oximetria, se for detectada alguma anomalia, nós realizamos os exames de ecocardiograma funcional para investigarmos o caso”, enfatizou Sandra Mattos.

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Jornal da Paraíba

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