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VIDA URBANA

Natal longe da família

Devido ao trabalho ou por opção, quem está distante dos parentes tenta amenizar a saudade.  

Publicado em 23/12/2014 às 6:00 | Atualizado em 14/03/2024 às 17:05

Para a maioria das pessoas, Natal é tempo de casa cheia, de ceia farta e de rever amigos e familiares, mas essa não é a regra. Enquanto muitos se divertem durante a tradicional troca de presentes na brincadeira do amigo secreto, outros estão sozinhos em casa, distante da família e das pessoas queridas. O jeito é amenizar a saudade recorrendo aos aparatos tecnológicos e às redes sociais. Por opção ou não, há quem vai ficar sozinho nesse Natal.

Uma delas é Márcia Sinaan, bibliotecária do Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região (TRT-13), que recentemente foi cedida para João Pessoa e que por isso vai passar o período natalino longe dos familiares, especificamente da mãe, do filho e do irmão. Nos últimos 23 anos, o Natal de Márcia foi diferente: casa ceia e família reunida. Mas isso não a abala. “Minha vida é movida pela mudança, o que deveria me entristecer, na verdade acaba me inspirando”, afirmou.

Segundo a bibliotecária, os outros natais eram agitados.

Tinha como missão passar um pouco de tempo na casa da família do marido, outro tempo na casa da mãe, em Goiânia.

Quando se divorciou, passou a comemorar a data com a mãe, o filho e um irmão que ela descobriu há alguns anos.

Neste Natal, Márcia está longe de todos eles, mas disse que não vai deixar o brilho do Natal se apagar. “Geralmente eu não fico triste pensando nos natais anteriores, nem nostálgica, como algumas pessoas costumam ficar”, declarou.

Apesar da firmeza das palavras, Márcia, quase sem querer, deixou escapar durante a reportagem que tem algo que vai fazer o coração dela ficar apertado de saudade neste Natal.

É que Márcia, além de bibliotecária, é cantora, e participava de cantatas natalinas na sua cidade de origem. “Era muito bom. A gente cantava para as pessoas, levava uma palavra de esperança e distribuía alimentos para os mais humildes, acho que disso sim vou sentir muita falta este ano”, afirmou.


Quem também vai passar o Natal longe de casa é o auxiliar administrativo Alessandro Ferraro. Ele viajou com amigos e só retorna no dia 5 de janeiro. Na casa de Alessandro não há cobranças relativas à união da família no Natal.

“Aproveito essa época do ano porque tenho férias coletivas, minha mãe não reclama”, destacou. Ferraro disse que não vê diferença em estar ou não junto no Natal. “Embora eu considere a família um núcleo muito importante, não vejo problema em cada um aproveitar da forma que quiser”, declarou.

Pela primeira vez o cirurgião-dentista Autran Nóbrega vai passar o Natal longe da família. O motivo é o plantão no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, na capital. Segundo ele, o Natal é considerado o momento mais importante para a família dele, que todos os anos se reúne no município de São José das Espinharas. “A gente realiza uma grande festa. Meu tio se veste de papai noel para entregar brinquedos às crianças, tem ceia, tem presentes, é um momento muito bonito, de união entre nós”, afirmou.

Porém, Nóbrega não tem escolha. Enquanto a família se diverte na noite de Natal, ele ajuda a salvar vidas. E isso o deixa realizado. “Meus familiares entendem a minha ausência, não tinha como ser diferente. Mas apesar da distância, meu coração vai estar com eles”, declarou o cirurgião. Nos anos anteriores, quando fazia residência em Maringá, no Paraná, ele sempre dava um jeito de estar com a família na Paraíba, durante o Natal. Este ano será diferente.

SAUDADE DA MÃE E FILHO QUE ESTÃO LONGE
Falar em Natal para Paulo Oliveira, que trabalha como fotógrafo e distribuidor, é algo difícil. Há oito anos ele deixou a família em Goiás para morar em João Pessoa. Desde então, tem como sacrifício ficar longe das pessoas que ama no período de Natal. “A gente sempre sente aquele aperto no peito, que fica cheio de saudade”, afirmou. Em anos anteriores ele também ficou longe da família.

Mas passar este Natal longe de casa vai ter um peso maior para Oliveira. A mãe dele está na luta contra um câncer de mama. “Até vir para cá eu costumava passar o Natal com a família reunida.

Este ano, por conta do problema de saúde da minha mãe, vai ser um momento mais complicado para mim, por estar longe de casa”, declarou. A saudade do filho de 10 anos, que também mora em Goiás, é outro motivo para Oliveira relembrar os natais alegres nos quais recebia o abraço caloroso da mãe e do filho.

Diante dessa realidade, o telefone e a internet são vistos pelo fotógrafo como grandes aliados para amenizar um pouco a saudade dos familiares. “Ainda bem que temos essas opções.

A gente vai se falar, mandar beijos, abraços, desejar saúde e paz. Não é a mesma coisa de receber um abraço apertado, mas ajuda bastante”, frisou. Paulo vai passar o Natal deste ano acompanhado da namorada e de amigos mais próximos. O coração, no entanto, assim como o pensamento, estará dividido entre Goiás e João Pessoa, entre a família e o amor que encontrou aqui, entre as lembranças do carinho da mãe e diversão com os amigos.

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Jornal da Paraíba

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