VIDA URBANA
No Centro de uma vida inteira
Moradores que estão no Centro de João Pessoa já décadas falam por que gostam de morar no coração da capital.
Publicado em 08/07/2012 às 15:00
Com uma razão de envelhecimento de 101,3 anos (conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a maior entre todos os bairros e municípios paraibanos, o Centro de João Pessoa mostra que tem muita história não só por ser onde a cidade começou – mas pela experiência de seus moradores, que há muito já estão no local e vivenciaram todas as mudanças dele.
É o caso da dona Carmem Azevedo, de 97 anos, que mora há mais de 50 anos em uma casa de esquina, na rua Parque Sólon de Lucena, ladeada por lojas de departamento, pelos Correios e outros equipamentos de comércio e serviços que tomaram conta do Centro de João Pessoa. Quando ela chegou ao local, com o marido - um desembargador já falecido -, a área tinha muitas residências de famílias.
“Mas foi entrando comércio, o povo foi embora e eu fui ficando.
Mesmo depois do meu marido falecer, eu quis continuar na casa.
As pessoas não gostam de morar no Centro e eu acho tão bom, porque é perto de tudo. Só vou me mudar daqui quando for para o (cemitério) Boa Sentença”, brincou.
Atualmente, na calçada da idosa ficam instalados pelo menos dois carrinhos de ambulantes que vendem acessórios eletrônicos, além de uma lojinha de roupas e duas lanchonetes. Se ela se incomoda com o barulho ou o movimento? “Eu não vou botar oposição, é o ganha-pão deles, não estou nem aí”, completou.
Um pouco mais afastada do 'boom' da Lagoa, mas próxima a shoppings populares e outros pontos comerciais do Centro, está a casa de Maria Borges, 72 anos. “Sempre morei no Centro, na rua General Osório, na Santo Elias, até meu pai comprar esta casa e virmos morar aqui. Era só uma residência e ele dividiu em três: a dele, a da minha irmã e a minha”, lembrou Maria, ao afirmar que “podiam me dar um apartamento na praia que eu não queria”.
Para a moradora, apesar da 'solidão' e do vazio que tomam conta da rua Praça Dom Ulrico por volta das 20h, e de algumas ocorrências de assalto, o local é tranquilo. “De noite, você não vê passar ninguém. É uma paz tão grande que dá até medo”.
Vizinho de dona Maria, o empresário Francisco José, 55 anos, também acha o Centro uma boa opção para morar. “Estou aqui há 20 anos e sempre morei no Centro, mesmo já tendo imóveis fora. Escolho o bairro por conta das facilidades, bom para comercialização e para comercializar”, comentou, ao acrescentar que tem um negócio imobiliário.
Segundo os dados do IBGE de 2010, o Centro possui 1.496 domicílios particulares permanentes, sendo 1.184 ocupados e 31 qualificados como hotéis ou pousadas. O IBGE não contabiliza o percentual dos estabelecimentos comerciais e de serviços.
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