Nordestinos têm baixa escolaridade

O paraibano Joaquim Martins dos Santos mudou-se para São Paulo em 1998 à procura de melhores condições de vida. Recém-separado da esposa, ele deixou com ela o filho ainda pequeno. Na Paraíba, morava em Cruz do Espírito Santo e trabalhava no plantio da cana-de-açúcar. Chegando à capital paulista, casou novamente e teve mais três filhos.

Ele faz parte da população paraibana com baixa escolaridade e que migrou para o Sudeste. Pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada ontem, apontou que mais da metade dos nordestinos entre 30 e 60 anos que moram na Região Metropolitana (RM) de São Paulo não concluíram o Ensino Fundamental.

Esses nordestinos, somados aos nascidos na região Norte, somam 30% da população da maior cidade brasileira, que concentra 10% dos habitantes do país. Para traçar o perfil dos migrantes, os moradores da Região Metropolitana de São Paulo foram divididos em grupos de nativos de diferentes estados brasileiros, além do grupo de estrangeiros.

Os estados com o maior número de residentes na Região Metropolitana foram destacados, os demais foram agrupados por proximidade de perfis. A Paraíba foi agrupada com os seguintes estados: Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, além dos estados da região Norte. Desse grupo do Norte e Nordeste foram excluídos Pernambuco (7%), Bahia (11%) e Ceará (3%), que apresentaram índices mais significativos.

Apesar dos dados da Paraíba não terem sido considerados isoladamente para fins estatísticos na pesquisa, segundo a assessoria de imprensa do Ipea, os paraibanos representam 2% (198,135 mil) do total de migrantes entre 30 e 60 anos na Região Metropolitana de São Paulo. Quanto ao grau de escolaridade, o estudo, que tem como base a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad) 2009, mostrou que 53% dos nascidos no grupo NO e NE não concluíram o Ensino Fundamental.

A melhor taxa de escolaridade dos moradores da Região Metropolitana de São Paulo está entre os estrangeiros. Destes, 14,9% têm o Fundamental incompleto e 46% tem o Ensino Superior completo. No grupo da Paraíba (NO e NE), apenas 4% completaram o Ensino Superior. Quanto ao rendimento médio mensal, os nordestinos e nortistas, mais uma vez, estão em piores condições, com renda em torno de R$ 1 mil.

No grupo da Paraíba, 48,9% recebem um salário mínimo ou menos. Entre os pernambucanos, por exemplo, 57,2% têm esse rendimento. Os estrangeiros, novamente, estão em situação mais confortável, pois 39% deles recebem mais de três salários mínimos. Segundo a pesquisa, a Região Metropolitana de São Paulo abriga um total de 8,1 milhões de migrantes entre 30 e 60 anos. (Colaborou Camila Alves)