VIDA URBANA
Novo racionamento modifica rotina dos moradores de CG
Atualmente o reservatório do Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) está apenas com 8,3% da sua capacidade.
Publicado em 17/07/2016 às 11:30
A população de Campina Grande e das outras 18 cidades abastecidas pelo Açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) vivencia hoje uma das maiores crises hídricas da história e caminha para uma situação ainda mais crítica, por estar na iminência de um colapso de água. Atualmente o reservatório conta apenas com 8,3% da sua capacidade de armazenamento, e para a meteorologia as chances de haver uma recarga significativa no manancial são mínimas. Por conta desse cenário, a partir desta segunda-feira (18) entra em vigor uma nova modalidade de racionamento nas regiões abastecidas pelo reservatório, modificando o estilo de vida das pessoas que dependem dele. O abastecimento em Campina, por exemplo, vai ser dividido em duas zonas.
“Toda a minha rotina vai ser alterada. Antes eu deixava para fazer a faxina da casa aos sábados junto com as outras atividades que demandam mais o uso de água e agora vou precisar me organizar para fazer isso no meio da semana, sendo que eu estudo, trabalho, sou dona de casa e fica mais complicado cumprir essas obrigações. Até agora não tive problemas com a chegada da água por conta do racionamento, mas eu tenho medo que depois desse novo modelo ela comece a faltar. Não vou comprar novos baldes para continuar economizando”, comentou a funcionária pública Olávia Fernandes, 36 anos, que mora no bairro do Monte Santo, em Campina Grande, na Zona 2 do racionamento da cidade.
Olávia mora com três filhas e na casa dela o uso racional da água é uma determinação seguida a risca por todas. Essa conscientização não é à toa, pois desde dezembro de 2014 que Campina Grande e as outras cidades abastecidas por Boqueirão convivem com o racionamento de água. Mas de agora em diante essa tomada de consciência chega a um patamar ainda mais sério. Isso porque, de acordo com o gerente regional da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), Ronaldo Meneses, o Açude de Boqueirão está prestes a atingir o volume morto.
“Nós estamos no limite. Quando chegarmos ao volume morto vai entrar em funcionamento o novo modelo porque o sistema de captação flutuante não consegue bombear água em uma vazão necessária para abastecer toda a cidade ao mesmo tempo. A nossa previsão é de que isso aconteça ainda essa semana e a população precisa estar preparada”, pontuou o gerente regional.
É por conta disso que na residência da dona de casa Joana Silva, 69 anos, que mora no bairro da Ramadinha, Zona 1 do racionamento, as medidas de economia de água vão ser intensificadas. “Aqui a gente já economiza o que pode e faz de tudo para reaproveitar a água de todas as formas. Onde eu moro o racionamento já é complicado agora e eu fico preocupada pensando se a gente vai sofrer ainda mais a partir do novo modelo. A água era para cegar aqui na quarta-feira e ficar até o sábado à tarde, mas só chega na quinta e vai embora da sexta para o sábado, bem cedinho. Antes era ainda pior porque nem chegava”, destacou. Dona Joana disse também que mora só com o esposo, mas que a casa vive cheia de familiares e que todos aprenderam a reduzir os gastos com a água.
O que diz a Prefeitura de Campina Grande
Diante desse novo modelo de racionamento, o prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues, informou que vem pressionando o Governo do Estado para que seja elaborado um plano B no tocante ao abastecimento em Campina, além de estar buscando alternativas suplementares para amenizar a situação. “Estamos mandando ofício, inclusive, para saber qual a qualidade da água da Cagepa. Mandamos o documento para fazer isso de forma oficial. Com relação as ações, estamos concluindo a montagem de um equipamento chamado perfuratriz, que vai nos permitir perfurar poços nas áreas públicas como hospitais e escolas. Dependendo da situação, vamos permitir que as comunidades façam uso dessa água. O poço do Hospital Pedro I, por exemplo, tem uma grande vazão que também abastece outros hospitais de Campina. Também temos usado carros-pipa para o abastecimento da zona rural. No poço que perfuramos no parque do povo, vamos instalar um chafariz para que as pessoas façam uso da água”, elencou.
Sem resposta
A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA tentou contato com a Secretaria de Recursos Hídricos do Estado para comentar a situação do abastecimento em Campina Grande e nas outras 18 cidades que dependem das águas de Boqueirão, mas não obteve resposta até a publicação dessa matéria.
Confira como vai ficar o abastecimento em Campina Grande
Zona 1 (5h da segunda-feira até a meia-noite da quarta-feira)
Acácio Figueiredo, Cruzeiro, Distrito Industrial, Estação Velha, Itararé, Mirante, Jardim Paulistano, Catolé, Liberdade, Presidente Médice, Sandra Cavalcante, Ligeiro, Tambor, Três Irmãs, João Agripino, Velame, Jardim Vitória, Vila Cabral, Novo Horizonte, Novo Cruzeiro, Ressurreição, Dinamérica, Jardim Borborema, Jardim Verdejante, Malvinas, Quarenta, Ramadinha, João Paulo II, Sonho Meu, Meu Sonho, Chico Mendes, Alameda, Santa Cruz, Santa Rosa, Serrotão, São Januário, Bairro Universitário, Cinza, Ana Amélia, Lagoa de Dentro, distrito de São José da Mata e distrito de Santa Terezinha.
Zona 2 (5h quinta-feira às 13h do sábado)
Alto Branco, Araxá, Bairros das Nações, Centro, Pedregal, Prata, Conceição, Cuités, Jenipapo, Antas, Jardim Continental, Jardim Tavares, Juracy Palhano, Condomínios Residence Privê, Sierra, Atmosfera e Green, Jeremias, Lauritzen, Louzeiro, Monte Santo, Novo Bodocongó, Bodocongó, Centenário, Palmeira, Castelo Branco, Glória, José Pinheiro, Monte Castelo, Nova Brasília, Santo Antônio, Belo Monte, Bela Vista, São José, Nenzinha Cunha Lima e Bonald Filho, Bairro das Cidades, Catolé de Zé Ferreira, Catingueira e distrito de Galante.
Devido a condições topográficas e da rede hidráulica, os horários de início e término da distribuição, poderão sofrer variações.
No Brejo
Eixo 1 - Lagoa Seca: durante 48 horas, a cada 15 dias, iniciando no dia 21 de julho às 13h das quintas-feiras até as 13h dos sábados.
Eixo 2 - Alagoa Nova, Matinhas e São Sebastião de Lagoa de Roça: durante 48 horas, a cada 15 dias, iniciando no dia 28 de julho às 13h das quintas-feiras até as 13h dos sábados.
No Cariri
Eixo 1 – Boqueirão: a partir das 5h das terças-feiras até as 17h das quintas-feiras.
Eixo 2 - Boa Vista e Soledade: a partir do dia 19 de julho, das 5h da terça-feira até as 17h da sexta. Na semana seguinte, de 26 a 29 de julho, não haverá abastecimento para o eixo 2, que vai revezar a distribuição da água com o eixo 3 uma semana sim e outra não.
Eixo 3 - Cabaceiras, Cubati, Juazeirinho, Olivedos, Pedra Lavrada, Seridó, São Vicente do Seridó: na semana de 19 a 23 de julho, o abastecimento estará direcionado para o eixo 2, então não haverá abastecimento para o eixo 3. Na semana seguinte, de 26 a 29 de julho, haverá abastecimento para o eixo 3 a partir das 5h da terça-feira até as 17h da sexta-feira.
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