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VIDA URBANA

Núcleo vai investigar desaparecimentos

Núcleo para investigação de pessoas desaparecidas será instalado na Paraíba; anúncio foi feito durante audiência da CPI do Tráfico Internacional de Pessoas.

Publicado em 06/04/2013 às 6:00


A Paraíba vai contar com o Núcleo de Pessoas Desaparecidas que será instalado na nova Central de Polícia Civil de João Pessoa, no bairro do Geisel. O objetivo é acabar com a descentralização das investigações sobre desaparecimento de pessoas, um dos empecilhos para resolução das ocorrências.

O anúncio foi feito na tarde de ontem durante audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico Internacional de Pessoas, realizada na Assembleia Legislativa, na capital.

O núcleo terá gestão em todo o Estado, através do compartilhamento de informações entre as polícias Civil, Militar e Federal. Segundo o secretário executivo da Segurança e Defesa Social, Jean Francisco Nunes, o núcleo surge para preencher o déficit que há sobre o tráfico de pessoas. “É importante que se imagine o quanto estamos atrasados, não só na Paraíba, como todo Brasil. O último levantamento sobre pessoas traficadas é de 2003. Mas estamos fazendo nosso dever de casa implantando o núcleo”, disse.

De acordo com o secretário executivo, a estrutura do núcleo vai reunir especialistas e capacitar agentes para tratar do assunto como um todo, desde as particularidades desse tipo de crime até o apoio aos familiares das vítimas. A ideia é formar um banco de dados com as informações.

Durante a audiência pública para discutir o tráfico de pessoas no Estado foram apontadas várias dificuldades para investigar os casos, entre elas, a inexistência de dados compilados sobre o desaparecimento de pessoas na Paraíba, a impunidade, além da ausência de uma rede de enfrentamento ao tráfico humano.

Na sessão conduzida pelo deputado federal Luiz Couto, o delegado federal de Investigações do Crime Organizado, Éder Magalhães, explicou que uma investigação de tráfico de paraibanos já foi concluída e outra segue em andamento mas em segredo de justiça. A delegada responsável pelas investigações, Carolina Patriota, revelou que se trata do tráfico de aproximadamente dez mulheres e que apesar de não existir uma rota traçada, os destinos mais comuns são a Suíça, Itália, Espanha e Suriname. “Quando nós começamos a investigar, a rota é alterada”, afirmou Carolina Patriota.

Já o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho, Eduardo Varandas, expôs que os paraibanos são traficados principalmente para fins de trabalho escravo e exploração sexual e submetidos a castigos físicos. Segundo o procurador, mais de 30 travestis teriam sido traficados.

“O poder público é menos organizado que o crime”, revelou Eduardo Varandas, ressaltando que o Ministério Público do Trabalho (MPT) acompanha dois casos de tráfico de travestis para outros países.

Aproximadamente 100 garotos paraibanos foram traficados para a Europa para realização de programas sexuais. “Esses são casos comprovados. Alguns são utilizados como mulas, desembarcam na Suíça e seguem de trem para a Itália,” revelou o promotor Marinho Mendes. Segundo o promotor, os paraibanos são vítimas ainda do tráfico interestadual, cujo destino principal é o estado do Paraná.

CASO FERNANDA ELLEN APRESENTADO

Na audiência também foi exposto o desaparecimento da adolescente Fernanda Ellen, porém, conforme as Polícias Federal e Civil não há indícios de que a menina tenha sido vítima do tráfico de seres humanos. O secretário executivo Jean Francisco afirmou que a Polícia Civil chegou a fazer contatos com os Estados do Rio Grande do Norte e Ceará, possíveis locais para onde a menina teria sido levada.

“Recebemos a denúncia de que ela estaria em um circo no Ceará, fomos ao local mas não constatamos a veracidade. É importante frisar que em razão da própria segurança dos familiares da Fernanda, algumas ações da polícia estão vinculadas ao sigilo e serão prejudicas se essas informações forem divulgadas, mas mantemos a esperança de que Fernanda esteja viva”, disse Jean Francisco.

O promotor Marinho Mendes cobrou mais empenho nas investigações e que sejam revelados detalhes das investigações, que segundo ele não teve informações primordiais checadas devidamente. Ele ainda sugeriu que a menina fosse procurada no município de Baía da Traição, no Litoral Norte do Estado. “Eu tenho convicção de que ela está viva. Existem informes importantes que não foram verificados pela polícia”, denunciou Marinho Mendes.

Os parentes da menina levaram faixas à audiência pública onde indagavam a localização da menina e cobravam Justiça.

O pai da garota, Fábio Júnior Cabral, afirmou que tem esperança de que a filha esteja viva. Os pais da menina também foram ouvidos pela CPI. Um protesto pela falta de informações do caso foi realizado ontem, no Busto de Tamandaré, em João Pessoa.

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Jornal da Paraíba

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