Ônibus lotados nos horários de pico, longas esperas nas paradas e filas para entrar em um coletivo são realidades que não condizem com um fato verificado em Campina Grande: nos últimos anos, a quantidade de pessoas que usam o transporte coletivo para se locomover na cidade caiu quase pela metade. Em 2008, cerca de cinco milhões de pessoas usavam os ônibus mensalmente. Em 2016, são menos de três milhões, uma diminuição de cerca de 40%. Em contradição, a quantidade de veículos em circulação aumentou nesse mesmo período, eram cerca de 190, em 2008, contra 224, atualmente. Os dados são da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos (STTP). Essa queda gerou prejuízos às empresas que operam o sistema. Elas também alegam um aumento no valor dos insumos.
De um lado, estão os usuários, que afirmam que essa redução vem sendo causada pela demora dos ônibus passarem em determinados pontos; pelas condições estruturais dos veículos, que não oferecem conforto; e pela insegurança, em virtude dos recorrentes assaltos e arrastões que acontecem nos coletivos. Já a secretária Tarsila Alves parou de utilizar ônibus depois que comprou uma motocicleta. “Eu deixei de andar de ônibus, porque eu tinha que sair de casa de 6h30 para chegar ao trabalho de 8h, pegar dois ônibus que davam uma circulada grande e ainda em pé, porque era lotado e não tinha lugar para sentar. Agora, eu gasto menos de 15 minutos para chegar ao trabalho, nem se compara”, contou.
A facilidade de financiamento de veículos é uma das variáveis apontadas pela STTP e pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros (Sitrans) de Campina Grande, para a redução dos passageiros circulando nos ônibus. Em 2008, a frota da cidade era composta por 94.968 veículos. Já em 2014, esse número subiu para 151.924 veículos. Outros fatores como a instalação do Terminal de Integração, em 2008, e a implantação da integração temporal, em 2013, além da atuação dos transportes clandestinos, influenciaram essa queda, acreditam os órgãos.
Segundo a gerente de Transportes da STTP, Araci Brasil, a média ideal de passageiros por dia seria de 600 pessoas. No entanto, algumas linhas chegam a pouco mais de 300 passageiros por dia. No horário de pico, segundo a gerente, a linha que transporta mais usuários é a 092, que faz a rota do conjunto Major Veneziano, na Catingueira, até a Rodoviária Nova, no Catolé.
Para os empresários, o decréscimo de passageiros implica diretamente na redução dos lucros e consequente dificuldade de manutenção do sistema de forma satisfatória. “A evasão é enorme, temos perdido muitos passageiros e isso não se estagnou, continua acontecendo, seja por causa do transporte clandestino ou de outros fatores", apontou o Sitrans.
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