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VIDA URBANA

O medo que faz ir à escola na Paraíba

Casos de violência espalham terror junto a alunos, pais e professores nas escolas públicas do Estado.

Publicado em 14/04/2013 às 18:03


Já houve tempo que os pais ficavam tranquilos quando os filhos estavam na escola. Hoje, o sentimento é de medo. Na Paraíba, as escolas públicas se tornaram locais inseguros e imprevisíveis, que oferecem riscos para professores e alunos.

Um desentendimento dentro da sala de aula, por exemplo, pode resultar em agressão física ou até mesmo morte, como ocorreu em uma escola pública do município de Picuí, em janeiro deste ano.

Os professores pedem segurança. Os alunos também. Mas essa realidade parece não incomodar as autoridades.

Era quarta-feira, 20 de fevereiro. O estudante Erick Wesley Cardoso, 14, foi para a escola como de costume. Segundo os colegas de classe e familiares, Erick era um garoto tranquilo, não mexia com ninguém. Por conta de uma menina, Erick brigou com outro estudante, que o matou com uma punhalada no peito.

O crime deixou em choque toda a cidade de Picuí. O delegado responsável pelo caso, Durval Barros, disse, na ocasião, que o acusado já foi armado com a intenção de matar o colega.

Depois de quase dois meses, a rotina na Escola Felipe Tiago Gomes voltou ao normal, segundo a secretária Josinete Sousa, mas ninguém esquece o ocorrido.

“Os dois alunos eram tranquilos, nunca tiveram problema de mau comportamento. Eles já vinham brigando na rua e, infelizmente, na escola, um deles resolveu acabar com o outro”, comentou.

Na semana passada, outro caso de violência. Dessa vez em João Pessoa, na Escola Municipal Presidente João Pessoa, no Jardim Veneza. A briga por um celular terminou com uma estudante ferida à faca por uma colega de classe.

Uma funcionária que não quis revelar o nome disse que a adolescente agressora foi transferida para outra escola e que, desde o ano passado, vinha se comportando mal, fato pelo qual os pais foram chamados algumas vezes.

“A menina estudava aqui desde pequena. Do ano passado para cá, ela começou a ficar muito indisciplinada, mas pensávamos que era só coisa da adolescência”, declarou.

Conforme a funcionária, a estudante tinha atitudes arrogantes com os colegas e os professores. “Ela achava que podia fazer qualquer coisa”, afirmou. Já a menina agredida voltou a frequentar as aulas no início da semana passada.

COM OS PAIS
Assustados, os pais agora preferem deixar e pegar os filhos diariamente na escola. É o caso da dona de casa Denise Maria Vistoso, que tem três filhos estudando na Escola Presidente João Pessoa. “Depois que a menina foi esfaqueada, eu achei por bem vir pegar os meus meninos. Tenho medo de acontecer algo com eles. Aqui sempre tem casos de violência. Na semana passada, teve o boato que um aluno chegou com uma arma, mas a direção negou”, comentou a mãe.

Segundo os pais das crianças, nos arredores da escola há muitas pessoas suspeitas. “A gente sempre vê 'uns caras' estranhos. Tenho medo que eles sejam integrantes de facções criminosas e tentem aliciar as crianças”, disse outra mãe, sem se identificar.

Os pais reclamaram, também, que dificilmente a Polícia Militar, através da Patrulha Escolar, faz rondas na localidade.

Alunos podem virar inimigos, diz Sintep

O problema é muito grave e atinge os docentes. No final do ano passado, um professor teve de sair escoltado da escola onde trabalha para não apanhar de um grupo de estudantes. Por medo de represálias, ele não quis conversar com a reportagem.

“Depois desse episódio, o professor vive assustado. Tem medo na hora de entrar na sala de aula e de sair”, contou outro professor, que também não quis revelar a identidade.

Os professores estão assustados com tanta violência e se sentem inseguros dentro da sala de aula. Os alunos se tornaram pessoas desconhecidas, que podem se tornar inimigos. É assim que o Sindicato dos Professores do Estado da Paraíba (Sintep-PB) avalia a realidade enfrentada pelos docentes das escolas públicas.

A proposta da entidade é que sejam colocados detectores de metal e câmeras de vigilância nas instituições de ensino, mas a Secretaria de Educação disse que isso fere o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

“A violência que chegou na escola é ligada à questão da residência do indivíduo, de como ele se relaciona com a família e isso a escola não tem como mudar”, disse Edvaldo Faustino, do Sintep-PB.

Segundo ele, muitos professores estão assustados, com medo de serem agredidos sem motivo, como, por exemplo, ao dizer que um aluno tirou nota baixa. “O que ocorre nas escolas da Paraíba é a violência gratuita, ameaças através de palavras e atitudes”, frisou.

Para o sindicato, não há dúvidas que há falha no sistema educacional. Segundo Faustino, não existe uma política efetiva contra a violência nas escolas, apenas projetos pontuais, ineficazes para minimizar o problema.

“Não há segurança de nada. Recentemente invadiram a escola Dom José Maria Pires, no Alto do Mateus, e roubaram os tablets. Não há monitoramento, o governo trata a educação com descaso”, afirmou.

A consequência disso é professor assustado dentro da sala de aula ou, o que é mais grave, professor faltoso. Essa situação, geralmente, acontece em escolas de localidades consideradas violentas, onde os casos de ameaças são mais frequentes.

“Todos esses problemas já foram levados ao conhecimento da Secretaria de Educação, mas nada foi resolvido”, disse Faustino.

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Jornal da Paraíba

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