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VIDA URBANA

O perigo da volta para casa para quem anda de ônibus

Usuários do transporte coletivo em João Pessoa e Campina Grande  relatam rotina de medo e insegurança nos pontos de ônibus.

Publicado em 15/08/2015 às 8:00

Para quem anda de ônibus à noite em cidades como João Pessoa e Campina Grande, a volta para casa é um desafio diário, seja durante a espera do transporte ou na chegada do destino. O medo de ser a próxima vítima de assaltos e furtos faz com que estudantes e trabalhadores mudem a rotina e tracem estratégias para chegar em casa em segurança.

Nem mesmo a movimentação de veículos e pedestres durante a noite intimida a ação de bandidos na avenida Epitácio Pessoa, uma das principais vias da capital, por exemplo. Nos pontos de ônibus, a insegurança é uma sensação presente entre os usuários dos transportes coletivos e, para muitos, a tensão só termina ao chegar em casa.

“Aqui a partir das 22h já fica esquisito e a gente sempre sai em grupo para a parada de ônibus. E quando chega na parada que eu desço, minha mãe fica esperando para que eu não volte sozinha para casa, porque o caminho também é perigoso”, disse a estudante Elayne Cristina, que mora no bairro do Valentina Figueiredo e estuda à noite em uma faculdade particular localizada na Epitácio Pessoa.

A 'estratégia de segurança' feita por ela e por amigos é a mesma da auxiliar de consultório dentário Ana Lúcia Nascimento, que mora no Bairro das Indústrias. De segunda a sexta-feira, ela pega um ônibus na Epitácio Pessoa, segue até o Parque Solon de Lucena e espera outro coletivo para chegar em casa. Na tentativa de reduzir os riscos ações violentas até chegar em casa, ela conta que o marido a espera no ponto de ônibus. “Por volta das 21h já diminui o fluxo de ônibus e aí todo mundo fica com medo. Já vi tentativas de roubo por aqui também”, lamentou.

Outra área da capital que também oferece risco aos usuários de transportes coletivos durante a noite é o Mercado Central. Nesse período, é comum que os colegas de trabalho saiam juntos dos estabelecimentos em direção aos pontos de ônibus. “Esse ano, por volta das 21h, um casal estava discutindo aqui nessa rua e o homem quase mata a mulher a facadas. Outras vezes, grupinhos de jovens passam por aqui e a gente já fica em alerta para não ser assaltado”, disse a comerciante Aparecida Fonseca.

DICAS DE SEGURANÇA

Evitar permanecer em paradas de ônibus mal iluminadas, comunicar à prefeitura para tomar as providências;

Ficar atento à presença de pessoas suspeitas, se for o caso acionar a PM para averiguação;

Se possível, circular nas vias públicas acompanhado;

Em caso de assalto, evitar gestos bruscos, conversar com o criminoso e tentar observar características que possam ajudar a PM a prendê-lo, assim que for informada;

Ao perceber a presença de pessoa suspeita próximo a sua residência, não pare, fique observando à distância por um certo tempo, se for conveniente acione a PM para averiguar.

CG: USUÁRIOS FORMAM GRUPOS NAS PARADAS
Se abrigar em algum estabelecimento comercial, formar grupos para tentar afastar os criminosos, ou aguardar o transporte no Terminal de Integração. Essas são algumas das estratégias adotadas pelos estudantes e trabalhadores que dependem do transporte coletivo para se locomover em Campina Grande durante a noite. Ao percorrer alguns pontos de ônibus da cidade, a reportagem ouviu diversos relatos de que os riscos não existem apenas durante a espera do transporte, mas sim até o momento em que o cidadão consegue entrar em casa com segurança depois de um dia cansativo.

Uma mulher de 31 anos, que preferiu não ter o nome divulgado contou que trabalha em um salão de beleza no Centro e nunca deixa o trabalho antes das 19h, quando vai para a Praça da Bandeira aguardar o transporte. “Nunca fui assaltada, mas já escapei várias vezes porque corri do ponto ou entrei em algum lugar ao notar a aproximação de alguém suspeito”, acrescentou.

Outra forma encontrada pela população para tentar escapar dos perigos de um assalto, estupro ou agressão é esperar o transporte em grupos. É o que costumam fazer a recepcionista Juliana Queiroz, a balconista Zoraide Diniz e a trabalhadora autônoma Osana Mendes, que relataram já ter presenciado tentativas de assalto no ponto de ônibus da rua Melo Leitão, no bairro do São José, onde se conheceram e se aproximaram na rotina de esperar o transporte em um local pouco movimentado, cenário comum na maioria dos pontos de ônibus da cidade.

“Como saímos em horários próximos, sempre nos encontramos aqui e ficamos juntas enquanto chega o ônibus de cada uma. Não que isso vá adiantar muita coisa, mas só o fato de estarmos juntas é melhor que cada uma ficar sozinha, porque aqui é perigoso e esquisito”, explica Osana, que disse também não gostar de ficar no Terminal de Integração por não se sentir segura no local, onde diz ter presenciado diversas vezes pessoas em atitude suspeita.

EMPRESAS
O diretor institucional do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Campina Grande (Sintrans-CG), José Anchieta Bernardino, lamentou as ocorrências de violência nos ônibus e alegou que a responsabilidade pela segurança é do poder público. “A segurança pública é dever do Estado, como diz a Constituição. Nós somos tão vítimas da violência quanto os passageiros e motoristas”, disse Bernardino.

MOTORISTAS TRABALHAM COM MEDO
Se os perigos existem para os usuários do transporte público no horário noturno, eles são maiores para os motoristas que trabalham nesse turno. Segundo o presidente do Sindicato dos Condutores de Veículos Rodoviários e Trabalhadores em Transportes Urbanos de Passageiros da cidade (Simcof), Antonino Macedo, só esse ano oito motoristas pediram demissão com medo de trabalhar, principalmente a noite, quando ocorrem boa parte dos assaltos nos ônibus urbanos. O último aconteceu no bairro do Mutirão, quando quatro jovens e uma mulher fizeram um arrastão no ônibus por volta das 19h, roubando objetos de vários passageiros. “Os assaltos são quase que diários. Os bandidos já vão certos de que se não tiver nada de valor com os passageiros, podem conseguir algum dinheiro com o motorista”, disse.

STTP e Semob
A gerente de Transportes da Superintendência de Trânsito e Transportes Públicos de Campina Grande (STTP), Araci Brasil, informou que tem procurado colocar os pontos de ônibus em locais iluminados e onde haja uma demanda maior de passageiros, para amenizar a exposição deles à violência. A gerente explica que embora não seja função do órgão garantir a segurança nas paradas de ônibus, há um cuidado em fazer com que as pessoas não sejam vítimas da ação de criminosos nesses locais. “A STTP não tem responsabilidade na Segurança Pública, mas tem essa preocupação”, pontuou.

Já na capital, a assessoria de comunicação da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) informou que é feito um planejamento para a instalação de abrigos para os usuários de transporte público e alegou que fatores como infraestrutura da via e iluminação são considerados na avaliação.

POLÍCIA MILITAR
O coordenador de comunicação da Polícia Militar, major Cristóvão Lucas, informou que equipes de policiais realizam em João Pessoa e Campina Grande abordagens nos ônibus durante o dia e a noite, “o que previne maior incidência dessa modalidade criminosa, sendo inclusive comum a participação de menores de idade no cometimento desses delitos”.

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Jornal da Paraíba

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