VIDA URBANA
ONGs alimentam planos de futuro melhor para crianças carantes
Através do trabalho desenvolvido por ONGs, crianças têm aulas de reforço, informática, teatro e sonham com futuro melhor.
Publicado em 18/11/2012 às 17:00
A pequena Camila Silva tem apenas 8 anos e já tem um sonho: ser bailarina. Filha caçula de uma família de 13 irmãos, Camila ainda não teve a oportunidade de ter aulas de balé, mas enquanto isto a garota se dedica a aprender a ler e escrever, oportunidades dadas pelo projeto Beira da Linha, desenvolvido no bairro Alto do Mateus, em João Pessoa. Ao mesmo tempo, vai treinando sozinha alguns passos de dança, mostrando que tem aptidão para conseguir conquistar seu sonho.
Nas aulas de letramento, oferecidas no Centro Educacional Miramangue, uma das unidades do projeto Beira da Linha, Camila se dedica e aproveita os ensinamentos com atenção. À tarde, frequenta a escola normalmente. “Gosto muito daqui. Aprendo muita coisa, antes eu não conseguia ler e escrever, agora já sei fazer tudo”, diz a menina que há 3 anos integra o projeto.
Na mesma sala onde Camila estuda, está uma das irmãs dela, Joana D’arc Silva, de 12 anos, que quer ser médica. “Quero poder cuidar da minha mãe, da saúde dela”, revela a garota com simplicidade.
Na casa onde as duas meninas moram apenas a mãe trabalha. É faxineira e esta é a única renda da família. No Beira da Linha, elas encontram uma nova esperança e sentem que com dedicação aos estudos e esforço podem conseguir ir mais longe. “Prefiro estar aqui aprendendo do que ir só para a escola de tarde e ficar brincando na rua de manhã. Aqui eu aprendo, na rua não”, afirma Camila.
Implantado há 23 anos em João Pessoa, o projeto Beira da Linha apoia crianças e adolescentes carentes, oferecendo aulas de letramento, teatro, informática e esportes. Além de cursos profissionalizantes para jovens e adultos. Neste ano, 107 crianças e adolescentes entre 6 e 16 anos estão sendo atendidos nas aulas de complementação à escola, além de mais 189 adolescentes e jovens na faixa etária de 15 a 24 anos que participam dos cursos profissionalizantes oferecidos.
Trabalhando no Beira da Linha há 13 anos, Rosenilda Dias, lembra com alegria de crianças que foram ajudadas pelo projeto e hoje têm sucesso na carreira profissional. “O que nos alegra é ver que temos vários bons exemplos. Temos hoje professores universitários que foram nossos alunos aqui no projeto, temos pessoas que já se formaram e estão fazendo doutorado. São casos que nos fazem refletir e ver que vale a pena continuar o trabalho”, comenta Rosemilda, que atualmente está na coordenação do projeto.
Em outro ponto da capital, uma outra organização sem fins lucrativos aponta novos caminhos para crianças e adolescentes: a Casa Pequeno Davi, que desenvolve trabalhos educacionais no bairro do Róger, oferecendo aulas de complemento à escola, informática, contação de histórias e oficinas de arte-educação e de artes visuais, além de cursos profissionalizantes, como marcenaria, serigrafia e manutenção de micros. Além da preocupação com a formação escolar e profissional, tanto a Casa Pequeno Davi, quanto o projeto Beira da Linha, instituições dedicam-se também ao enfrentamento do trabalho infantil e da violência doméstica e sexual.
Atendendo atualmente 272 crianças e jovens de até 29 anos, a procura pela instituição é tão grande que está sendo necessário fazer uma espécie de seleção, acompanhada por assistentes sociais, buscando priorizar aquelas crianças e adolescentes que precisam de um acompanhamento maior, por se encontrarem em situação de vulnerabilidade familiar, por exemplo, conforme informa a assessoria de imprensa da instituição.
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