VIDA URBANA
ONGs em defesa das vítimas
ONGs lutam pelos direitos das mulheres e realizam campanhas alertando para a necessidade de denunciar agressores.
Publicado em 27/11/2012 às 6:00
“Por muitos anos a violência contra a mulher foi omitida pela sociedade. Ainda assim, ela continua silenciosa”. A declaração feita por Irene Marinheiro Jerônimo, coordenadora do Centro da Mulher 8 de Março, revela a preocupação em lidar com um problema que tem sido recorrente, sobretudo com um novo indicativo: o índice de mortes de mulheres ligadas ao tráfico de entorpecentes. De acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública, de janeiro a outubro deste ano, 120 mulheres foram vítimas de homicídio. Deste total, conforme levantamento realizado pelo Centro da Mulher 8 de Março, 69 mulheres tinham envolvimento com o tráfico.
Em João Pessoa, o trabalho de Organizações Não Governamentais (ONG) tem sido direcionado a comunidades periféricas, escolas e centros de educação para realização de campanhas educativas e informativas para encorajar as vítimas a denunciarem a agressão. De acordo com Irene Marinheiro, a informação tem sido a principal arma para enfrentar o problema da violência, que atinge principalmente mulheres entre 15 e 40 anos.
Apenas no Centro 8 de Março, na capital, 25 mulheres foram atendidas e encaminhadas à Delegacia da Mulher e Centro de Referência da Mulher. O perfil social das vítimas, segundo esclarecido pela entidade, é de mulheres de classe média que convivem com a violência desde a infância e moram nas comunidades periféricas. Além disso, conforme levantamentos da ONG, o número de denúncias tem aumentado consideravelmente, assim como o índice de mulheres ligadas ao tráfico de drogas.
Outro ponto ressaltado pela coordenadora, é o número desconhecido des vítimas. “Sabemos que muitas mulheres sentem vergonha da condição de vítima de violência e que enfrentam o problema caladas. Esse comportamento é notado em mulheres com poder aquisitivo maior, que não querem ter seus nomes expostos. A violência acontece, mas elas não denunciam”.
Nas unidades de apoio, as denunciantes relatam que a violência parte não apenas de companheiros, mas também de pai, filhos e irmãos. “É um problema do meio familiar que compromete toda a sociedade. A Lei Maria da Penha também dá o direito de qualquer pessoa denunciar a violência, mesmo que de forma anônima”, alerta Irene.
A ONG Bamidelê Mulheres Negras trabalha especificamente com o combate ao racismo, mas também é procurada por mulheres que sofrem violência doméstica e orienta as vítimas. Além disso, a ONG promove campanhas de prevenção e combate à violência contra as mulheres em escolas e comunidades da capital. “Nós orientamos as vítimas a procurar assistência nos Centros de Referência, delegacias especializadas e casas de acolhida. Por meio de nossas campanhas, cobramos ações concretas do poder público”, explicou Terlúcia Silva, coordenadora da Bamidelê.
Comentários