VIDA URBANA
Operação Cartola: edições do Campeonato Paraibano de 2011 a 2018 estão sob suspeita, diz delegado
Segundo Lucas Sá, denúncias apontam fraudes nas competições. Operação investiga manipulação de resultados.
Publicado em 10/04/2018 às 12:57 | Atualizado em 10/04/2018 às 19:16
Os campeonatos de futebol da Paraíba de 2011 a 2018 estão sob suspeita de fraude. A informação foi dada nesta terça-feira (10) pelo titular da Delegacia de Defraudações e Falsificações de João Pessoa, delegado Lucas Sá, responsável pela Operação Cartola. A ação, deflagrada na segunda-feira (9), apura um esquema criminoso que, segundo a polícia e o Ministério Público da Paraíba (FPF), envolve a Federação Paraibana de Futebol (FPF) e dirigentes de clubes. As fraudes passariam inclusive por manipulação de resultados.
“Existem muitas denúncias, suspeitas. Mas não posso dizer ainda o que foi comprovado. Que existe suspeita? Sim, existe”, disse Lucas Sá sobre as possíveis fraudes nas últimas oito edições do Campeonato Paraibano. “Começamos com 2018, mas já descobrimos situações de outros anos”, completou o delegado.
A Operação Cartola é resultado de mais de 6 meses de investigações. De acordo com o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba, foi possível identificar a existência de núcleos principais, com aproximadamente 80 membros identificados. Estariam no esquema membros da FPF, da Comissão Estadual de Arbitragem da Paraíba (Ceaf), do Tribunal de Justiça Desportiva (TJDF-PB) e cartolas do futebol profissional.
De acordo com Lucas Sá, todos os dirigentes dos clubes que disputaram a primeira divisão do Campeonato Paraibano 2018 estão no rol de alvos da Cartola. “Assim que o sigilo for retirado apresentaremos os detalhes completos”, ressaltou. O delegado disse que o sigilo deve ser removido assim que as diligências acabarem. Ele revelou, inclusive, que ouviu dois suspeitos nesta terça-feira.
Títulos sob suspeita
Os campeonatos que estão sob suspeita de fraude consagraram os três grandes clubes da Paraíba como campeões. O Treze venceu em 2011; o Campinense ganhou em 2012, 2015 e 2016; e o Botafogo-PB foi o grande campeão em 2013, 2014, 2017 e 2018. Os três clubes também foram alvos de mandado de busca e apreensão na segunda-feira.
Procurado, o presidente do Campinense, William Simões, disse que ainda não sabia do que se tratava a investigação. “Na hora que o clube for citado, ou for procurado, as portas estão abertas para colaborar com informações”, pontuou.
O Botafogo afirmou em nota que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações. “O clube reitera a importância da lisura nos certames esportivos no estado, ao passo que acompanha com tranquilidade o desenrolar das investigações”, disse. Já o Treze não emitiu nenhum posicionamento sobre a investigação.
O que diz a FPF
Em nota, a FPF avaliou como 'drástica' a Operação Cartola. O presidente da entidade, Amadeu Rodrigues, disse que que ele e a entidade disponibilizaram antecipadamente e "de forma espontânea a abertura dos sigilos bancários, telefônicos e fiscais" para as investigações da Operação Cartola. Junto com a nota, a entidade apresentou um documento que teria sido apresentado à Justiça. Nele, Amadeu Rodrigues autoriza a quebra de seu sigilo fiscal.
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