VIDA URBANA
Pacientes com doença de Parkinson estão sem medicamentos
Remédio para 280 pessoas que têm o problema está em falta há cerca de 2 meses, em Campina Grande.
Publicado em 20/09/2015 às 10:00
Se a aposentada Luzia Rodrigues da Fonseca, 85 anos, fosse esperar pelo medicamento que recebe mensalmente na farmácia do Posto de Saúde Francisco Pinto, em Campina Grande, seu tratamento contra o Parkinson seria prejudicado e os sintomas da doença se agravariam. Há cerca de 2 meses, ela não recebe o remédio Prolopa e tem sido obrigada a comprá-lo. Ela é um dos 280 pacientes com a doença na cidade que estão prejudicados com a suspensão da entrega do medicamento.
Segundo os familiares da aposentada, é a segunda vez este ano que a entrega do medicamento foi suspensa. “Cada caixa custa em torno de R$ 60 e ela chega a tomar até três caixas por mês. Para ela, que recebe um salário mínimo e também compra medicamentos para problemas no coração e hipertensão, é um gasto considerável”, explica Djanira Rodrigues, neta da paciente.
Se Luzia Rodrigues estivesse sem tomar o medicamento indicado para combater os sintomas do Parkinson, eles provavelmente já teriam se acentuado. O neurologista Marcos Wagner explica que o Prolopa é direcionado principalmente para amenizar os tremores dos pacientes e que as interrupções no tratamento trazem resultados negativos, inclusive no quadro geral da doença.
A Secretaria Municipal de Saúde, por meio da assessoria de comunicação, informou que o medicamento já foi comprado e na próxima terça-feira estará disponível na farmácia do Centro de Saúde Francisco Pinto.
Os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que apresentam os primeiros sintomas de Parkinson são encaminhados para atendimento especializado com neurologistas no Centro de Saúde do Catolé, nos Hospitais Pedro I e Dr. Edgley. Em outros centros de saúde, os especialistas atendem de forma itinerante.
Para alguns doentes de Parkinson, a realização de cirurgias de estimulação cerebral amenizam os sintomas, mas segundo o neurologista Marcos Wagner o procedimento não está disponível na rede pública, em Campina Grande. “As cirurgias são uma exceção no tratamento, pois, na maioria dos casos, bons resultados são obtidos com medicamentos”, explica o especialista.
CARACTERÍSTICAS DO PARKINSON
Mal afeta sistema nervoso, articulações, bem-estar psíquico e é irreversível
Doença:
A Doença de Parkinson é caracterizada basicamente por tremor de repouso, tremor nas extremidades, instabilidade postural, rigidez de articulações e lentidão nos movimentos. Há também outros sintomas não motores, como a diminuição do olfato, distúrbios do sono, alteração do ritmo intestinal e depressão.
Ela ocorre por causa da degeneração das células situadas em uma região do cérebro chamada substância negra. Essas células produzem a substância dopamina, que conduz as correntes nervosas (neurotransmissores) ao corpo. A falta ou diminuição da dopamina afeta os movimentos provocando os sintomas acima descritos.
Diagnóstico:
Para diagnosticar o problema, é preciso estar atento. A doença pode iniciar entre 10 e 15 anos antes dos sintomas se evidenciarem. Quem apresenta tremores deve procurar ajuda médica, pois eles também podem ser causados por outros motivos e por efeito colateral de alguns medicamentos. A constatação do problema é feita por exames neurológicos e pela avaliação do histórico dos pacientes.
Tratamento:
Caso a doença seja constatada, o tratamento deve ser feito à base de medicamentos, com o intuito da redução da progressão de sintomas. A escolha do medicamento mais adequado deverá levar em consideração fatores como estágio da doença, a sintomatologia presente, ocorrência de efeitos colaterais, idade do paciente, medicamentos em uso e seu custo. Pacientes com incapacidade funcional causada pelos sintomas parkinsonianos também podem se beneficiar de programas terapêuticos de reabilitação, envolvendo fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional e suporte psicológico e familiar, buscando evitar ou retardar a perda de suas funcionalidade e habilidades motoras.
Acompanhamento:
Doença de Parkinson é uma doença de caráter progressivo e irreversível e, portanto, necessitando tratamento continuado. À medida que a doença avançar, aumenta o risco de aparecimento de demência e psicose associada ao tratamento.
Medicamentos:
Medicamentos disponíveis no SUS para o tratamento são: Levodopa/carbidopa; Levodopa/benserazida; Bromocriptina; Pramipexol; Amantadina; Biperideno; Triexifenidil; Selegilina; Tolcapona e Entacapona.
Fonte: Ministério da Saúde
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