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VIDA URBANA

Pais devem ficar atentos à alergia e intolerância alimentar em crianças

Produtos industrializados são os preferidos pelas crianças, mas algumas substâncias podem provocar alergias ou intolerância.

Publicado em 27/01/2015 às 6:00 | Atualizado em 27/02/2024 às 18:15

Quem é pai ou mãe e tem filhos em idade escolar percebe claramente as diferenças que existem no ambiente das escolas de hoje para a realidade de suas épocas. Além disso, outra alteração considerável que aconteceu com o passar do tempo foi a mudança dos hábitos alimentares das crianças. Produtos industrializados são cada vez mais os preferidos pelos alunos devido ao gosto atrativo e, para muitos pais, pela facilidade ou praticidade. Entretanto, vários problemas de saúde podem ser percebidos nas crianças que consomem comidas que, porventura, possuam em sua composição, algum alimento ou substância que provoque nelas determinado tipo de alergia ou intolerância. Na lista dos principais “vilões”, destacam-se a lactose, proteína do leite de vaca e o glúten.

A dona de casa Cláudia Cavalcante, 39 anos, descobriu que o filho Ian Felipe tinha intolerância à lactose quando ele tinha 2 anos. Desde então, foram várias crises e internações, até que a família se adaptou à nova realidade. Outras opções de alimentação foram incorporadas à dieta da criança, que já se acostumou com o fato de não poder ingerir alimentos que contenham a substância. Manteiga, queijo, creme de leite, iogurte, sorvete, bolachas ou biscoitos que possuem leite de vaca em sua composição e demais derivados do produto, não poderiam mais fazer parte do cardápio da criança, a partir daquele momento.

“Logo quando descobri que ele tinha este problema, foi bem difícil para a nossa família. Eu não sabia o que ele poderia comer e o que não era permitido. Começamos a nos acostumar com o fato. Ele já teve várias crises após ingerir alimentos com lactose. Os principais sintomas são: vômito, diarreia e excesso de gases. Quando isso acontece, ele sofre muito. Já fiquei uma semana com meu filho internado no hospital. Quando ele era bebê, foi amamentado até um ano e três meses de idade. Depois que introduzi o leite animal é que começou o problema”, falou.

Além das famílias, as escolas também podem dar a sua contribuição aos alunos, para que estes possam superar essas dificuldades proporcionadas por transtornos alimentares. O Colégio Alfredo Dantas, em Campina Grande, faz uma triagem inicial com as crianças antes do início do ano letivo, através do preenchimento de um cadastro com as informações dos alunos. Através destes dados, é possível saber quais estudantes possuem alguma restrição alimentar. A escola também procura oferecer um cardápio variado em sua cantina, para poder atender a todos os gostos.

“No ato da matrícula, é questionado no contrato se a criança tem algum informe sobre determinado tipo de alimento que ela não pode consumir ou mesmo medicamentos. Este é um processo que é oriundo da família e por vezes, acontece a manifestação alérgica aqui dentro do nosso estabelecimento. A providência que tomamos é procurar a orientação médica e o contato com os familiares de imediato. A responsabilidade com a alimentação da criança é da família. Mas estes cuidados também são tomados no ato da matrícula, e, nas reuniões pedagógicas, este processo de interação acontece normalmente. Na cantina, oferecemos tanto os alimentos considerados mais saudáveis, quanto os tradicionais, porque entendemos que seja uma opção da família e não podemos impor um estilo alimentar aos nossos alunos. Em nosso programa e no currículo da escola temos a parte de orientação alimentar, desde o ensino fundamental, até o primeiro ano do ensino médio”, esclareceu o diretor-geral do Colégio Alfredo Dantas, Paulo Loureiro.

PEDIATRA ALERTA PARA DIFERENÇAS
Segundo a pediatra Socorro Viana, existem diferenças básicas entre alergia e intolerância a algum tipo de alimento, e os pais precisam identificar o quanto antes a necessidade de cuidados alimentares especiais em seus filhos.

“Na alergia, doses independentes ou pequenas frações de alimentos provocam respostas exageradas do organismo, em pessoas geneticamente predispostas. Na intolerância, normalmente se a pessoa ingerir uma pequena quantidade de uma comida ou bebida com a substância a ser evitada, em alguns casos os sintomas não aparecem. São questões enzimáticas, que estão envolvidas neste processo. Normalmente, registramos muitos casos em crianças de intolerância à lactose, que é açúcar contido no leite. Nos casos de alergia à proteína do leite, é preciso que o paciente evite completamente o consumo também dos seus derivados. Os pais e as mães precisam ter cuidado ao ler os rótulos dos alimentos comprados no supermercado, que devem ter uma linguagem clara. Os casos de intolerância e alergia a algum tipo de alimento geralmente surgem nos extremos da vida – quando criança ou mesmo na terceira idade”, esclareceu a especialista.

O filho de Cláudia Cavalcante, Ian Felipe, hoje está com 11 anos e se prepara para cursar o 5º ano do ensino fundamental, no Colégio Alice Coutinho, em Campina. De acordo com a mãe, o menino reage bem, diante do fato de não poder comer muitos alimentos que a maioria das crianças de sua idade experimentam. “O médico aconselhou que nós fôssemos introduzindo na alimentação dele, aos poucos, alimentos que contenham lactose, para ver se o organismo aceita. Alguns conseguem voltar a ingerir, outros não. Eu fico receosa de tentar”, contou a dona de casa.

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Jornal da Paraíba

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