VIDA URBANA
Paradas sem abrigo
Usuários de ônibus na capital enfrentam sol e chuva em paradas sem abrigo; João Pessoa tem 600 pontos sem abrigos.
Publicado em 30/01/2014 às 6:00 | Atualizado em 20/06/2023 às 11:58
Quem depende de ônibus em João Pessoa muitas vezes não tem outra opção senão esperar pelo transporte enfrentando sol e chuva em paradas que não possuem abrigo. De acordo com a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob), essa é a atual situação de 600 pontos de ônibus da capital. A população deseja melhorias e a Semob afirma que a intenção é terminar 2014 com uma considerável redução desse número.
Uma pessoa que diariamente passa por essa situação é a funcionária pública Socorro Rodrigues, que sempre pega ônibus em um ponto sem abrigo no bairro de Tambiá. Segundo ela, a população insatisfeita já buscou solucionar a questão.
“Isso é horrível. A gente já perguntou, mas dizem que aqui é ponto de passagem e, por isso, não tem como colocar um abrigo. Quando chove eu trago um guarda-chuva e quando faz sol a gente tem que enfrentar. Faz 11 anos que eu passo pela mesma coisa”, declarou.
Em uma parada de ônibus próxima à de Socorro estava o motorista Moacir de Melo. Ele também depende de transporte público e diz não ser o único a reclamar do problema. “Eu sempre vejo as pessoas reclamando porque não tem abrigo. A gente fica se escondendo num cantinho, procurando um lugar que tenha uma sombra”, relatou.
Para o motorista, o pior é ver pessoas com filhos no colo esperando os ônibus muitas vezes em momentos que nem os prédios ao redor fazem sombra para dar alguma proteção. “O ruim mesmo é quando a gente vê uma mãe com uma criança no braço, muitas vezes sem sombrinha, rezando para o ônibus passar logo”, comentou.
A mesma situação é enfrentada por Maria das Neves Siqueira, aposentada. Ela espera o ônibus todos os dias no bairro de Jaguaribe e diz que a sorte é quando os prédios e o próprio poste onde fica o ponto de ônibus fazem alguma sombra. “A linha daqui demora muito e a gente tem que esperar no sol e na chuva, é horrível. Os ônibus vêm lotados e nem dá pra gente esperar por outro, por causa do sol. A gente fica de um lado pro outro procurando sombra pra tentar se proteger”, acrescentou.
Além de pontos sem abrigos, em diversos bairros da capital vemos paradas de ônibus situadas próximas ao mato, rodeadas por lixo e totalmente abandonadas. Segundo a Semob, João Pessoa possui um total de 1.800 paradas de ônibus, das quais, 1.200 já possuem abrigo.
De acordo com o superintendente adjunto da Semob, Roberto Pinto, dos 600 pontos sem abrigo, alguns não apresentam a necessidade da sua implantação, por serem apenas local de desembarque de passageiros. “Quando o ponto se localiza próximo ao terminal do bairro, por exemplo, nós identificamos que acaba sendo um local onde as pessoas não ficam esperando ônibus”, explicou.
O superintendente informou, ainda, que há outros pontos de ônibus que, por estarem localizados em calçadas estreitas, não podem receber os abrigos. “Outra situação é quando as calçadas são pequenas. Se nós instalarmos um abrigo lá, a calçada ficará toda ocupada, impedindo as pessoas de passarem de forma segura”, complementou.
Segundo o superintendente, apesar de algumas situações motivarem a Semob a não implantar os abrigos, está dentro do plano de metas do órgão para este ano realizar a revisão dos atuais pontos de ônibus, tanto para restaurar os existentes quanto para observar os locais em que há a viabilidade de instalação de abrigos.
Roberto Pinto ainda ressaltou que este ano muitas mudanças serão direcionadas para o setor de transporte coletivo, com a instalação dos Veículos Leves Sobre Trilhos (VLTs). “Vários bairros terão modificação nos seus itinerários com modificação dos locais dos pontos de ônibus. Então estamos em fase de planejamento para ver como será essa mudança”, afirmou.
Com a instalação dos VLTs, Roberto Pinto disse que diversos abrigos hoje existentes serão substituídos por estações de embarque que, em algumas localidades, serão climatizadas.
“Com essa retirada dos atuais abrigos, nós iremos instalá-los em outras localidades. Também pretendemos padronizar o cenário urbano, modificando os abrigos para se encaixarem em locais como calçadas pequenas e também para terem maior durabilidade e oferecerem maior conforto à população. Todo esforço será feito para diminuir esse déficit que ainda temos hoje”, concluiu.
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