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VIDA URBANA

Paraíba é contemplada com dois projetos de conservação marinha

"Tubarão-Lixa" e "Fundo Oceânico" possibilitarão a preservação de espécies ameaçadas de extinção.

Publicado em 28/06/2016 às 20:55

A Paraíba ganhou dois novos projetos do Programa Extremo Oriental das Américas (PEOA): o Tubarão-Lixa e o Fundo Oceânico. Os projetos possibilitarão a conservação de espécies marinhas ameaçadas de extinção e ampliação das áreas protegidas no litoral paraibano.

O projeto de Conservação do Tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) faz o monitoramento da espécie ameaçada de extinção, na costa da Paraíba, em três naufrágios e três recifes naturais. Os animais encontrados são identificados por meio de fotografias subaquáticas e marcas naturais, o que permitirá saber por onde eles se deslocam, as áreas de descanso e alimentação, a quantidade e sexo.

Com base nesses resultados, os pesquisadores vão elaborar recomendações de preservação do tubarão-lixa, de acordo com as diretrizes do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Elasmobrânquios Marinhos (PAN­ Tubarões), coordenado pelo ICMBio.

Outro aspecto importante do projeto, que tem como responsável técnico o professor Ricardo Rosa, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é a participação de pescadores artesanais e praticantes do mergulho recreativo no processo de construção do conhecimento, incluindo-os em um programa de cidadão cientista, que objetiva a popularização da ciência.

Ecossistemas recifais

Já o projeto Fundo Oceânico, que tem como nome oficial Caracterização de Ecossistemas Recifais Mesofóticos, promove o mapeamento desses ecossistemas de até 90 m de profundidade, pouco conhecidos pela ciência, utilizando equipamentos (sonares) de última geração, capazes de gerar imagens 3D com qualidade e realismo.

A área mapeada pelo projeto poderá superar a 100 mil hectares e será útil para subsidiar a criação de unidades de conservação na costa da Paraíba. O trabalho conta com a colaboração do programa de pós-graduação em Geodinâmica e Geofísica da Universidade Federal da Rio Grande do Norte (UFRN) e do programa de pós-graduação em Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Além disso, o projeto está fazendo o registro da fauna marinha por meio de um ROV (Veiculo Operado Remotamente) capaz de gerar imagens ao vivo e em alta resolução dos seres vivos e do fundo do mar em profundidades de até 100 metros. Com isso, os pesquisadores esperam mapear em dois anos todas as formações recifais que estão na faixa litorânea entre Cabedelo e João Pessoa, no litoral da Paraíba.

Conhecimento científico e políticas públicas

O Programa Extremo Oriental das Américas busca fomentar a relação entre o conhecimento científico e a formulação de políticas públicas conservacionistas em escala regional.

Liderados por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba e do ICMBio, os projetos são financiados principalmente pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e contam com o apoio administrativo do Cepan (Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste) e logístico da Mar Aberto Dive Center.

Segundo Orione Álvares da Silva, analista ambiental do ICMBio e um dos coordenadores, o PEOA está orientado para a geração de conhecimento científico diretamente aplicado à conservação, onde são observados os marcos legais já existentes, como as metas de Aichi e o decreto do Governo da Paraíba, que prevê a ampliação de áreas marinhas protegidas (nº 35.750/2015).

Já o professor Bráulio Santos, do Departamento de Sistemática e Ecologia da UFPB, também coordenador do PEOA, acredita que, “sem conhecimento técnico-científico sólido e atualizado, é pouco provável que nossas ações de conservação sejam efetivas e cumpram sua função socioeconômica”.

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Jornal da Paraíba

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