VIDA URBANA
Paraíba ocupa 17ª posição do país em transplantes
Número de doadores de órgãos na Paraíba caiu 64% entre os anos de 2010 e 2011.
Publicado em 22/02/2012 às 6:30
A Paraíba está entre os Estados que menos realizaram transplantes de órgãos no ano passado, segundo o estudo divulgado pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO). Com um percentual de 2,4 doadores (cujos órgãos foram transplantados) por milhão de população, o Estado ocupa apenas a 17ª colocação no ranking nacional e o 5º lugar do Nordeste.
Além disso, o estudo também mostrou que de 2010 para 2011 houve uma redução de 64% nos doadores que tiveram os órgãos transplantados. Enquanto no primeiro ano 25 pessoas doaram órgãos e beneficiaram outros pacientes (6,5 para cada grupo de milhão de habitantes), em 2011 o número caiu para nove.
Também de acordo com a pesquisa, a Paraíba teve em 2011 seis doadores de múltiplos órgãos e 119 notificações de potenciais doadores – mas que não chegaram a transplantar os órgãos. A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA procurou a diretora da Central de Transplantes da Paraíba, Giana Liz, mas ela não atendeu às ligações realizadas.
Na assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, a reportagem foi informada que apenas Giana poderia comentar o porquê da redução dos transplantes e informar o número de pacientes paraibanos que aguardam em uma fila de espera na esperança de realizar o procedimento. Em maio do ano passado, conforme informações da própria Giana, 315 pacientes esperavam por um transplante de rim – sem contar os outros órgãos.
A Associação dos Renais Crônicos, Transplantados e Doadores da Paraíba (Renais-PB) também vem denunciando que os procedimentos estão parados em João Pessoa (no Hospital de São Vicente de Paula) desde o início de 2011, por falta de equipe médica.
Conforme o diretor de patrimônio da Renais-PB, Alex Carneiro, a entidade tem conhecimento de apenas um transplante realizado de janeiro de 2011 até este ano. “Os órgãos captados estão indo para Campina Grande e até outros Estados – como Recife e Natal”, comenta Alex.
ESPERA DIFÍCIL
Quem já passou pela terrível experiência de esperar por um órgão conta como a situação é desesperadora. “Há dez anos, quando eu trabalhava como manicure, descobri que era portadora de uma insuficiência renal crônica e passei a fazer hemodiálise. Foram mais de cinco anos de sofrimento, realizando o procedimento no Hospital da FAP, em Campina Grande, até que consegui um rim doado pelo meu irmão mais novo”, relatou Ana Lúcia Pereira de Assis, de 44 anos.
Relembrando os momentos difíceis que viveu enquanto fazia o tratamento, ela revela ainda que não podia fazer quase nada. "Eu chorava com sede, mas eu fazia gelo de limão para ficar chupando e diminuir o desconforto. Foi um período muito complicado para mim e no qual aprendi muito a dar valor à vida”, confessa.
Após ter superado a doença, através do transplante, Ana Lúcia lamenta que tenha perdido várias amizades que ganhou durante o tratamento, pois as pessoas acabaram falecendo sem conseguir a doação. “Eu espero que essas pessoas que ainda sofrem na fila tenham paciência e confiem em Deus e recebam a doação que tanto esperam”, completa.
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