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VIDA URBANA

Paraíba só tem três condenados por mortes em trânsito

 Levantamento da ONG Não Foi Acidente só considera casos que os acusados estão presos. No Brasil são apenas 14 condenados    

Publicado em 14/06/2015 às 8:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 11:57

Primeiro veio a dor da perda, com as mortes de Francisco, Antônio e Matheus Ramalho. Depois, uma longa batalha para ver atrás das grades o motorista que causou o acidente naquele fatídico 6 de maio de 2007, em um cruzamento da avenida Epitácio Pessoa, em João Pessoa. O mesmo drama é vivido por centenas de famílias que diariamente perdem pais, filhos e sobrinhos para a violência do trânsito e se veem obrigadas a esperar anos até que a Justiça determine a prisão dos condenados. Na Paraíba, apenas três motoristas foram julgados e condenados por crimes de trânsito.

O número parece pouco, mas se torna significativo quando se observa o cenário nacional: em todo o país são apenas 14 pessoas (condutores) julgadas e condenadas por crimes de trânsito, segundo a ONG Não Foi Acidente. O levantamento considera apenas os casos que os condenados estão presos, desprezando os que estão recorrendo em liberdade, nem os presos que aguardam julgamento. A burocracia da Justiça e a lentidão dos processos deixam a luta dos familiares ainda mais pesada.

Para Nina Ramalho, a dor chega a ser angustiante. O acusado de matar o pai, o sobrinho e o tio dela foi preso quatro anos após o crime (em maio de 2007); em novembro de 2012 João Paulo Guedes Meira foi condenado a 15 anos de prisão em regime fechado por homicídio doloso. No ano passado, a Justiça garantiu o direito da progressão de pena, e João Paulo voltou para às ruas. “Ele não passou na cadeia nem o tempo que nós passamos lutando por Justiça. Infelizmente não temos o que fazer mais, ele está amparado pela Justiça”, lamentou.

A pasta cheia de documentos nas mãos de Nina é uma prova do quanto a família Ramalho correu atrás de Justiça. “Dentro do que foi possível, nós lutamos. Agora, as coisas fogem do nosso controle. Ele é um protegido da lei e nós estamos eternamente condenados. Cada dia a dor reacende, nossa família nunca mais será a mesma que antes”, declarou Nina. O acidente completou 8 anos.

O outro condenado por morte de trânsito na Paraíba é Eduardo Paredes, que conduzia o veículo que causou o acidente com a então defensora pública Fátima Lopes, em janeiro de 2010. O fato também ocorreu na avenida Epitácio Pessoa, no mesmo cruzamento onde, anos antes, morreram os três integrantes da família Ramalho. A condenação de Paredes veio há 2 anos, pelo Tribunal do Júri.

Ele recebeu uma pena de 12 anos de prisão em regime fechado por homicídio doloso e lesão corporal. Fátima Lopes ia à missa com o marido, quando o carro deles foi atingido em cheio pelo de Paredes, que teria avançado o sinal vermelho em alta velocidade no cruzamento.

O empresário Rodrigo Artur Fonseca é o terceiro condenado por causar mortes no trânsito na Paraíba. Ele dirigia o veículo que provocou o acidente que matou Raíza Guedes, 17, e Ronaldo Soares, 19, em maio de 2011, na avenida Epitácio Pessoa. Rodrigo foi condenado a 17 anos e 2 meses de prisão em regime fechado. Ele foi condenado por homicídio doloso e, segundo a Justiça, dirigia sob efeito de álcool e em alta velocidade.

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Jornal da Paraíba

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