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VIDA URBANA

Paraíba tem 205 cidades com risco de desertificação no solo

Diminuição da cobertura florestal e atividades que promovem o desmatamento favorecem aparecimento do fenômeno.

Publicado em 30/04/2015 às 6:00 | Atualizado em 14/02/2024 às 12:23

Além de ser castigada com a escassez de chuvas, a Paraíba vê se alastrar pelo seu território um fenômeno tão grave quanto a seca: a desertificação. Atualmente, dos 223 municípios do Estado, 205 estão suscetíveis a sofrer com a desertificação. No ano de 2012, já tinham 203 cidades com alto risco de degradação do solo, o que mostra que o índice vem aumentando no Estado.

O tema, apontado como preocupante, foi debatido desde a última terça, na sede do Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI), em Campina Grande, num evento em alusão ao Dia da Caatinga, que foi comemorado ontem.

Segundo explicou o diretor de combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente, Francisco Barreto, a desertificação é um fenômeno causado por uma gestão inadequada do espaço do Semiárido, principalmente onde há um índice alto de aridez na região. De acordo com o especialista, a diminuição da cobertura florestal, aliada às atividades socioeconômicas que promovem o desmatamento sem critério, favorecem a aparição do fenômeno que hoje está presente nos nove estados nordestinos, e ainda em parte do Espírito Santo e Minas Gerais.

“A Paraíba é o Estado que tem mais espaço do seu território sujeito à desertificação, já que a questão energética faz uma pressão muito grande sobre o recurso natural que está compreendido no bioma da Caatinga. A matriz energética depende exclusivamente de lenha e isso reflete na degradação no meio ambiente que leva justamente à desertificação. E a área onde há uma maior ação desse fenômeno é justamente o Seridó, que tem sobrecarga animal e o uso intenso da biomassa florestal”, explicou Francisco Barreto.

Ainda de acordo com o especialista em desertificação, um dos primeiros sinais que apontam para o desenvolvimento do fenômeno é a extinção das espécies nobres da Caatinga, já que a ação do homem em promover degradação em áreas onde existe muita aridez, favorece ao desenvolvimento do fenômeno. Ele ainda frisou que a desertificação acontece em ambientes subúmido, seco, árido e semiárido, e que medidas de recuperação precisam ser tomadas para combater esse avanço.

“Nesses ambientes existem uns núcleos que chamam mais atenção pela situação do ambiente. O sobrepastejo é um deles, assim como a sobrecarga de animais, o uso intenso do ambiente para produzir energia através da queima de vegetais. Isso contribui bastante para a desertificação, que é um processo lento, mas que tem afetado muito essas regiões”, explicou o diretor de combate à Desertificação do Ministério do Meio Ambiente.

CONHEÇA MAIS A CAATINGA
A Caatinga é o único bioma exclusivamente brasileiro e foi reconhecido como uma das 37 grandes regiões naturais do Planeta, ao lado da Amazônia e do Pantanal

É o terceiro bioma mais degradado, depois da Mata Atlântica e Cerrado. 45% de sua área já foi desmatada

A Caatinga possui alto grau de endemismo (cerca de 1/3 de suas plantas e 56% de seus peixes são espécies exclusivas), ou seja, essa riqueza biológica não pode ser encontrada em nenhuma outra parte do mundo

Os serviços ambientais oferecidos pela Caatinga asseguram a convivência do ser humano com o ambiente e sua biodiversidade tem grande importância econômica e social

A Caatinga ocupa uma área de cerca de 840 mil quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional
Engloba os Estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe, o norte de Minas Gerais e parte do Espírito Santo

Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas

Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver

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Jornal da Paraíba

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