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VIDA URBANA

Paraíba tem 221 cidades que recebem água sem flúor

Apesar de recursos de R$ 950 mil, apenas duas cidades adicionam flúor na água.

Publicado em 02/10/2011 às 7:33

Valéria Sinésio

Uma lei federal de 1974, obriga a fluoretação da água em cidades onde há estação de tratamento e mais de 50 mil habitantes. Porém, na Paraíba, a legislação é descumprida sem cerimônia, apesar do Ministério da Saúde (MS) ter enviado R$ 950 mil para fluoretação da água em João Pessoa e Campina Grande. No Estado, apenas as populações de Baía da Traição e Alagoinha contam com água fluoretada.

O recurso do MS foi liberado em junho deste ano para a aquisição de material de consumo visando implantar e ampliar o sistema de fluoretação nas águas de abastecimento das duas principais cidades da Paraíba – e adjacências. A contrapartida que caberia ao Estado – através da Secretaria de Estado da Saúde – seria de R$ 105.556. Até agora, nada foi feito.

A liberação dos recursos aconteceu após a aprovação de um projeto elaborado por professores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). O professor Fábio Sampaio destaca a importância da fluoretação. “Quando comparamos a quantidade de cáries em cidades com e sem flúor na água, observamos a diferença”, afirma.

O professor vem batalhando há mais de dez anos pela fluoretação da água pelo menos nas duas maiores cidades da Paraíba. “O projeto foi aprovado pelo MS e pelo Conselho Estadual de Saúde, então acho que falta vontade política de fazer”, opina. Segundo Sampaio, a Secretaria Estadual de Saúde não dá informações sobre o andamento do projeto.

Na maioria das capitais dos Estados nordestinos, a água fluoretada já é realidade. Em Aracaju há mais de 15 anos; em Salvador, Teresina e Fortaleza, há dez; em São Luís há dois anos; e Recife deve começar em breve. Estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná também possuem o tratamento.

“Observamos que a fluoretação está sendo implantada onde há consolidação política, onde muitas vezes a prevalência de cárie é pequena”, afirma. No Nordeste, onde o problema da cárie é mais evidente, segundo o professor, há maior dificuldade de fluoretar a água. Ele lembra que para cada R$ 1 investido, a economia é de R$ 4 nas despesas de saúde.

O índice de cáries na população paraibana é considerado alto, segundo a SB-BRasil. A média do somatório de dentes cariados, perdidos e obturados – aos 12 anos – é de 3,5. De acordo com o professor da UFPB, o índice coloca João Pessoa como a 'capital da cárie' no Nordeste. O Estado seria um dos poucos do país que não cumpriram a meta de atingir um índice abaixo de 3,0, preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Caso o dinheiro enviado pelo MS fosse utilizado para fluoretar a água na Paraíba, cada criança teria uma redução de, pelo menos, dois dentes afetados por cárie até os 12 anos. Um levantamento feito por professores da UFPB mostra a diferença entre cidades que possuem e as que não possuem a fluoretação. Em Aracaju, por exemplo, que implantou há 14 anos, o índice de cárie é quatro vezes menos que os valores encontrados em João Pessoa. O índice é de 0,9 dentes cariados contra 3,5 da capital paraibana.

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Jornal da Paraíba

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