VIDA URBANA
Paraíba tem o menor crescimento no número de prisões do Nordeste
Estudo revela que a Paraíba foi um dos estados com menor aumento no percentual presos no NE entre 2005 e 2012.
Publicado em 04/06/2015 às 6:00 | Atualizado em 08/02/2024 às 17:01
A supervisora de pós-vendas Michelli Almeida ia em direção a sua casa quando foi abordada por dois bandidos que estavam de moto. Eles levaram todos os seus pertences, fugiram, e ela, apesar de ter feito um Boletim de Ocorrência, não conseguiu reaver o que foi levado e os bandidos até hoje não foram presos. Esse caso exemplifica que a Paraíba não acompanha o ritmo de crescimento das prisões quando comparado com outros Estados do Nordeste e com o aumento da criminalidade observado diariamente pela população. Entre 2005 e 2012 a população carcerária da Paraíba aumentou 43%, indo de 6.118 para 8.723, o que colocou o Estado em primeiro lugar na região entre os que menos prenderam nesse período.
Os dados são do Mapa do Encarceramento – Os jovens do Brasil, estudo de autoria da pesquisadora Jacqueline Sinhoretto divulgado ontem pela Presidência da República. Para a realização desta pesquisa foram utilizados os dados disponibilizados pelo Sistema Integrado de Informações Penitenciárias (Infopen) e os dados referentes aos adolescentes em medidas socioeducativas provenientes do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), obtidos junto ao Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Conforme a pesquisa, a Paraíba está em primeiro lugar no Nordeste com os Estados do Maranhão (que subiu de 2.964 para 4.241 presos) e da Bahia (que subiu de 7.144 para 10.251), ambos com 43% de crescimento nas prisões entre 2005 e 2012. Ainda no Nordeste, o segundo lugar ficou com Alagoas, que apresentou 63% de crescimento (indo de 2.541 para 4.153), seguido por Piauí, com 64% (de 1.785 para 2.927); Ceará, com 74% (de 10.116 para 17.622); Pernambuco, com 82% (de 15.817 para 28.769); Sergipe, com 93% (de 2.142 para 4.130); e o Rio Grande do Norte, que apresentou o maior aumento, de 161% (subindo de 2.243 presos para 5.845).
Se comparado o crescimento da Paraíba com os Estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, com os quais faz divisa, percebe-se que o primeiro apresentou um crescimento quase duas vezes maior que a Paraíba e o segundo, um crescimento quatro vezes maior. A taxa de crescimento da Paraíba ainda é bem abaixo da nacional, que foi de 74% no período.
Apesar do baixo crescimento, a Paraíba apresentava em 2012 a segunda maior taxa de encarceramento do Nordeste. Com um total de 3.757.608 habitantes e uma população carcerária de 8.723 pessoas acima de 18 anos, o Estado apresentava uma taxa de 232 presos a cada grupo de 100 mil habitantes naquele ano. Em primeiro lugar está Pernambuco, com uma taxa de 326 a cada 100 mil. A taxa média nacional de encarceramento, conforme o estudo, foi de 269 a cada 100 mil.
RETRATO
O estudo traz um retrato da população carcerária do país, explicitando os principais tipos de crime que levaram à prisão no Estado. Ao todo, 40% dos detentos da Paraíba cometeram crimes contra o patrimônio; 18% cometeram crimes contra a pessoa; 19% foram presos por tráfico de entorpecentes; e 22% por outras razões que não foram explicitadas. Ainda do total de presos, conforme o estudo, 26% eram analfabetos, 22% eram alfabetizados, 30% possuía o ensino fundamental incompleto, 9% o fundamental completo, 9% o ensino médio, 1% o ensino superior e nenhum possuía pós-graduação. Ainda outros 13% dos detentos da Paraíba não informaram a escolaridade.
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