VIDA URBANA
Paraibano é primeiro cientista a observar corais da Amazônia
Pelo menos duas espécies de peixes inéditas já foram encontradas durante a expedição.
Publicado em 31/01/2017 às 10:17
Os corais da Amazônia foram observados pela primeira vez na última sexta-feira (27), por um pesquisador paraibano, o biólogo Ronaldo Francini Filho, que realizou a observação in loco do recife que tem chamado a atenção de todo o mundo por exibir um ecossistema único e funcionar como um verdadeiro reservatório da biodiversidade que preserva corais, ameaçados nas áreas rasas por conta das mudanças climáticas, da pesca e, principalmente, da poluição pesqueira. Durante a expedição, que segue até o próximo dia 10 de fevereiro, já foram encontrados pelo menos dois peixes com mais de 90% de chances de serem totalmente inéditos para a ciência.
Durante essa primeira expedição, não está sendo feita, ainda, a coleta de material biológico, mas somente a de imagens com cunho científico. "Através das imagens, conseguimos estimar a abundância de peixes, a cobertura de corais, esponjas e algas nessa região", aponta o biólogo. De acordo com ele, porém, o objetivo é realizar uma caracterização ampla da biota e já existem diversas outras expedições marcadas em parceria com a Marinha e o Greepeace. "Nós vamos coletar espécies que provavelmente são novas para a ciência", explica o biólogo.
"Todos os dias nós realizamos uma média de dois mergulhos, dependendo das condições do mar", explica o biólogo. A expedição conta com dois submarinos a bordo, chamados de Deep Worker, com capacidade de operar em até 600 m. "Mas, por enquanto, estamos mais interessados nessa plataforma continental de 200 m a 30 m, que é onde os recifes ocorrem e onde a pesca tá concentrada", aponta Ronaldo. Além disso, é também a região que pode sofrer maiores danos, caso a exploração de óleo e gás na região se concretize. "Com essa expedição, fica ainda mais claro que existe uma biodiversidade punjante nessa região e que é preciso ter muita cautela em relação à qualquer exploração".
Quando questionado sobre a experiência de ter sido o primeiro a observar o bioma recém descoberto, Ronaldo aponta: "A sensação de se deparar com os corais, de ter a oportunidade de ser o primeiro a mergulhar nesse novo bioma dos recifes amazônicos foi única, uma experiência quase indescritível", disse o biólogo, que é vinculado ao Departamento de Engenharia e Meio Ambiente da UFPB. Além dele, integra o consórcio de pesquisadores que estão a bordo professores da UFPA, da UFRJ e da USP.
Além do aspecto técnico, a expedição envolve a campanha Defenda os Corais da Amazônia, deflagrada pelo Greenpeace contra a extração de petróleo na região. De acordo com a petição, "um tesouro natural recém-descoberto no fundo do mar - e único em todo o planeta - já está ameaçado pela exploração petrolífera". Para assinar a petição, acesse o site amazonreefs.
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